“Quem mandou matar Marielle? Quem foi que planejou sua morte, qual foi à motivação. Precisamos saber quem são os autores intelectuais”. O questionamento foi feito pelo deputado federal Paulão (PT), em suas redes sociais, após ser anunciada as prisões do policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, que, de acordo com as investigações, participaram do assassinato da parlamentar.
O emblemático crime completou um ano nessa quinta-feira (14). O combate à violência, especialmente a cometida por policiais e por milícias, era uma das principais causas da vereadora.
À imprensa, o delegado responsável pela investigação do assassinato da vereadora, Giniton Lages, que uma filha do PM reformado Ronnie– teria sido namorada de um dos filhos de Jair Bolsonaro. Lessa foi preso no Condomínio Vivendas da Barra – o mesmo em que o presidente tem uma casa.
Bastante insensível e alheio do caso, para o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, o assassinato da vereadora Marielle Franco não se distingue de outros homicídios ocorridos no Brasil.
“Nem acompanhei, gente. Esse caso de assassinato é como vários outros casos de assassinato, como os outros 62 mil casos que a gente tem no Brasil. É óbvio que a gente quer que ele seja elucidado e que quem cometeu vá preso. Não tem nada de diferente. Se a pessoa matar a mim, a você e qualquer pessoa de outro partido é a mesma coisa. Uma vida que foi embora. Não tem essa de passar a mão na cabeça, porque… Isso aí está muito acima de questão política, pelo amor de Deus”, disse Eduardo.
Nos meses que se seguiram, Jair Bolsonaro e seu clã político intercalariam silêncio com declarações e ações para minimizar a gravidade do crime, manifestando ainda, em algumas ocasiões, desprezo pela comoção nacional e internacional com a morte da vereadora, que atuava na cidade que há décadas é a base eleitoral de Jair Bolsonaro.
“Crime comum” e “mais uma morte no Rio de Janeiro”, foram algumas das declarações que partiram inicialmente. Menos de um mês depois do crime, à época da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos filhos do presidente também afirmou que “se Marielle estivesse viva, provavelmente defenderia o ladrão Lula”.
Em outubro, ele também defenderia dois candidatos do PSL que quebraram uma placa em homenagem a Marielle afixada em uma rua do centro do Rio. Segundo ele, os correligionários “nada mais fizeram do que restaurar a ordem” e que a homenagem havia sido “ilegal”.
A irmã da vereadora, Anielle Franco, considerou que as prisões desta semana são um grande passo, e o pai dela, Antônio Francisco da Silva, disse que sua angústia diminui um pouco.
A viúva de Anderson Gomes, Ághata Reis, ponderou que as prisões são só um começo. “O que aconteceu foi muito maior do que a gente poderia imaginar. É realmente um divisor de águas. A prisão desses dois é só um começo, um pontapé. Tem muita coisa ainda para ser descoberta, para que a gente ponha um ponto final no nosso sofrimento. Queremos descobrir o mais rápido se houve um mandante”.
A viúva de Marielle, Mônica Benício, afirmou que a solução completa do caso é um dever do Estado com a sociedade, a democracia e os familiares das vítimas. “A gente tem que pensar que mais importante que prender mercenários é responder à questão mais urgente e necessária de todas, que é quem mandou matar a Marielle e qual foi a motivação para o crime. Espero não ter que aguardar mais um ano para ter essa resposta”.
Guilherme Carvalho Filho (Jornal Folha de Alagoas)