Quando Jennifer Aniston acertou sua participação em uma série para o novo serviço de streaming da Apple, sobre o cruel mundo dos telejornais matutinos, a trama parecia bastante simples até que explodiu a era #MeToo.
Aniston, que se prepara para seu retorno à televisão após “Friends”, acompanhou, ao lado do restante dos Estados Unidos, as demissões de apresentadores como Matt Lauer (NBC) e Charlie Rose (CBS) após acusações de assédio sexual.
“Começamos a pensar como seria o tom, queríamos que fosse cru, honesto, vulnerável, confuso, não preto e branco”, disse Aniston em uma entrevista em Los Angeles.
O resultado é um olhar tenso, irônico e, às vezes, surpreendentemente sombrio dos bastidores de um noticiário fictício das manhãs em Nova York.
Assédio de apresentador
A série começa de forma bastante similar à demissão de Lauer na vida real, com a personagem de Aniston anunciando no ar a saída de seu colega apresentador, interpretado por Steve Carell, após acusações anônimas.
Neste momento começa a batalha sobre quem será o substituto, com perguntas sobre o quanto a equipe de jornalistas e executivos, todos muito ambiciosos, sabia sobre as ações do colega.
“É realmente sobre como as pessoas mentem para si mesmas”, afirmou a roteirista produtora do show, Kerry Ehrin, que descreveu as personagens como “pessoas sombrias, perturbadas”. “É impossível falar dos jornais matutinos e não abordar o #MeToo, seria algo negligente.”
Aniston interpreta uma mulher que ela descreveu como quase um “arquétipo de Diane Sawyer”, apresentadora que é um símbolo do canal ABC, e que precisa enfrentar uma repórter obcecada interpretada por Witherspoon.
As duas atrizes se encontraram com diversos apresentadores, homens e mulheres, incluindo Sawyer, Katie Couric, Gayle King, Robin Roberts e Meredith Vieira, que estimulou uma suposta vítima de seu ex-coapresentador Lauer a denunciá-lo.
“George Stephanopoulos foi particularmente útil”, disse Witherspoon, antes de Aniston acrescentar: “E empolgado, sem qualquer medo”.
A série é baseada no livro “Top of the Morning”, de 2013 escrito por Brian Stelter, ex-crítico de TV do “New York Times”. Ele está atualizando a obra para refletir os acontecimentos do #MeToo.
Os criadores da série insistem que o programa, que satiriza as emissoras tradicionais, não está baseado em fatos concretos da vida real.
Michael Ellenberg, produtor executivo de três programas da Apple, incluindo “The Morning Show”, disse que a série “está olhando para a era da transmissão, enquanto ajuda a lançar um novo serviço de streaming”.
Outras séries
“The Morning Show” é um dos nove programas que acompanham o lançamento da Apple TV+, que estará disponível em mais de 100 países a 4,99 dólares por mês.
Outros programas de lançamento incluem o drama “See”, no qual um vírus deixou a humanidade cega até que um par de gêmeos nasce com o poder da visão, provocando um conflito.
A lista inclui “For All Mankind”, que imagina como teria sido a corrida espacial se os soviéticos tivessem pousado primeiro na Lua, e uma série feminista sobre Emily Dickinson, protagonizada por Hailee Steinfeld.
Oprah Winfrey lançará o primeiro episódio de seu novo clube de leitura na Apple, enquanto o ator Chiwetel Ejiofor narrará o documentário “The Elephant Queen”.
Também são aguardados programas produzidos ou protagonizados por gigantes de Hollywood, de Steven Spielberg e Alfonso Cuaron a Samuel L. Jackson e Will Ferrell.
G1