Descaso: gestão pública de Maceió esquece periferia

Poeira quando faz sol e lama quando está chovendo. Moradores do bairro Petrópolis, em Maceió, estão convivendo com essa via-crúcis há mais de 30 anos. Nas ruas do bairro faltam drenagem, pavimentação e saneamento básico: o mínimo necessário para sobrevivência.

Muitas foram às idas de representantes da comunidade até a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Urbanização (Seminfra), mas só promessas e perda de tempo. Uma das vezes em estiveram na Pasta, levaram um cartaz com os dizeres: pelos os meus pais, pelos meus filhos, pela minha família, pelos meus vizinhos, pelos nossos direitos e pelos impostos que pagamos: secretaria faça a pavimentação do bairro Petrópolis.

Cansados de aguardar um posicionamento da Prefeitura de Maceió em relação ao problema, moradores fazem um trabalho paliativo para minimizar o sofrimento. Com recursos levantados por eles próprios, uma máquina para tapar buracos foi alugada.

“Não sabemos porque o nosso bairro é tão esquecido pelas autoridades, que estão de braços cruzados há muito tempo. Nós tivemos a informação que o dinheiro para o investimento chegou, mas até agora não fomos contemplados. Os transtornos que vivemos diariamente são inúmeros”, ressaltou o morador Márcio Valério, em tom de indignação.

Quem têm algum tipo de transporte prefere deixar na via principal do bairro e ir para casa caminhando. “Quando está chovendo, fica impossível transitar pelas ruas transversais até andando”, completou o representante.

Segundo ele, durante campanha eleitoral, os candidatos asseguraram que o problema iria ser resolvido o mais rápido possível, caso fossem eleitos. “Muita conversa fiada e nada feito. Tivemos filhos, neto, criamos e vimos eles cresceram, mas o nosso problema ainda persiste”, frisou.

Os moradores já cogitaram realizar um protesto, mas ficaram com receio que vândalos invadissem o ato.

O morador José Emílio, conhecido como “Zinho”, conta que está há mais de oito anos na luta por condições dignas de locomoção e de saúde básica. Ele já pensou

em vender a sua casa e procurar outro lugar para morar. Inimigo da poeira, “Zinho” deu várias vezes entrada no hospital por conta de graves crises alérgicas. A falta de saneamento também é um ponto que deixa os moradores intrigados. E não foi só ele que precisou de atendimento. Várias crianças que utilizam as ruas para a prática de brincadeiras também adoeceram.

O saneamento precário cria o ambiente propício a muitas outras doenças além das transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. Elas são causadas pelo contato da pele lixo ou solo infectados. Esta realidade causa várias doenças, como disenteria, e leptospirose verminoses.

Situação agravada em julho

Conforme o morador, durante as fortes chuvas que caíram em julho, uma enxurrada de lama invadiu residências do Petrópolis, causando prejuízos. “Muitos que estavam cansados desse cenário se mudaram. O pior é que a prefeitura está ciente de todo esse transtorno e não faz nada. A sensação é de abandono total”, destacou.

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