Ministro dos Transportes, Maurício Quintella, faz críticas à gestão Renan Filho

Iniciando um ano que promete ser bastante agitado politicamente, o programa ‘Perguntar Não Ofende’ entrevistou o deputado federal por Alagoas e atual ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa. Vários temas foram abordados durante a entrevista, dentre eles, uma possível candidatura do ministro ao Senado, a gestão Renan Filho e a candidatura de Rui Palmeira ao governo do Estado, confira.

Derrotar Renan Calheiros numa disputa ao Senado

Bem, primeiro, não derrotar especificamente o Renan Calheiros. Ele foi um senador muito atuante. Uma figura alagoana muito importante no cenário nacional. Ajudou o Estado e tem todo direito de pleitear a reeleição. Não tenho nenhum objetivo em derrotar A, B ou C. É claro, já fui vereador de Maceió por dois mandatos, já presidi a Câmara Municipal da minha cidade, fui eleito deputado federal por quatro vezes (já estou terminando meu quarto mandato). Já fui secretário municipal de Educação, já fui duas vezes secretário de Estado, das Regiões Metropolitanas (antiga secretaria de infraestrutura) e secretário de Educação. Participei da mesa da Câmara dos Deputados (fui eleito terceiro secretário da mesa), já participei de comissões importantíssimas dentro do congresso nacional, liderei o meu partido por duas vezes, um dos principais partidos congresso, e agora exerço o cargo de ministro de Estado dos Transportes, Portos e Aviação Civil, uma pasta gigantesca, com atuação no Brasil inteiro e no exterior também, e acho que acumulei a experiência necessária e boas relações, no Brasil e também fora do Brasil, e posso contribuir com meu Estado e com meu país no Senado Federal. Eu estou analisando essa perspectiva para colocar o meu nome e, o eleitor, legitimamente, verificar o histórico de cada um, o serviço que cada um prestou e o que pode fazer pelo seu Estado. Acho que uma candidatura minha ajudaria nesse debate, e a decisão final é do eleitor.

Reeleição a deputado federal

Há possibilidade. Eu fiz uma eleição municipal. Eu atuo junto a minha base eleitoral, e até o final do ano passado eu estava bastante decidido em disputar a reeleição. Conversando com o nosso grupo político, fazendo pesquisa de opinião pública, eu vislumbro hoje que há um espaço para se disputar o Senado. Estou trabalhando nesse sentido, conversando com as bases, conversando com o grupo político. Ninguém é candidato ao Senado de si mesmo. Eu preciso dialogar dentro do meu grupo político, que é o grupo do prefeito Rui Palmeira, que tem um candidato natural, o senador Benedito de Lira. Tem também o ex-governador Teotônio Vilela, que já manifestou a possibilidade de disputar a eleição do Senado, e nós vamos ter que dialogar para encontrar um caminho e uma chapa que seja forte e que possa efetivamente fazer um bom debate e contribuir com essa eleição aqui em Alagoas e, depois, vitoriosos na eleição, fazer um bom mandato dentro do governo e representar bem o Estado no parlamento.

Governo de Alagoas

A meu ver é um governador atuante, diligente. Conseguiu fazer um ajuste fiscal importante. Contou com um apoio inestimável da bancada federal na renegociação da dívida do Estado. Teve uma condição muito melhor do que outros governadores Brasil a fora, até pela força do seu pai num determinado momento. Mas vamos lá: qual é a grande obra que o governador Renan Filho tem no Estado de Alagoas? Não tem nenhuma grande obra feita no Estado de Alagoas. Nós temos muitas ordens de serviços, muitas promessas, mas efetivamente, obra, reversão de dados sociais na saúde, na educação, na segurança pública, isso a

gente não verificou no governo do Renan pelo menos até o presente momento. Não deixou sua marca, nem em obra, nem em reversão de índices sociais.

Operação Gabiru

Acho que foi uma operação importante. Combater desvio de merenda escolar é fundamental. Quem me conhece sabe que eu jamais seria capaz de tocar em recurso de merenda pra criança. Aliás, quando eu fui secretário de Educação do município a nossa política foi a de descentralização da compra de merenda, ou seja, tirar a compra da secretaria de Educação e passar para direção das escolas, para que a própria escola pudesse comprar a sua merenda. Isso para desarticular comerciantes e vendedores de merenda escolar que todo mundo sabia que acabavam se combinando para vender merenda. Quando eu fui para o Estado, era um momento de muita crise, faltava tudo. Nós fizemos uma compra lá, uma concorrência pública com a participação de mais de 40 empresas e que, por azar meu, uma empresa que foi investigada, venceu um item dessa licitação. O gestor está sujeito a ser questionado. Nós fomos questionados por essa compra e estamos respondendo. Não há recebimento de nenhuma ação penal. 14 anos depois e eu não respondo a nenhuma ação penal da Operação Gabiru. Há uma ação de improbidade que está no Judiciário e nós estamos nos defendendo. Eu não tenho a menor dúvida de que uma vez julgado, nós seremos absolvidos, porque eu não tenho absolutamente nenhum envolvimento, nem ninguém da secretaria.

Investimentos em Alagoas

Quando nós recebemos o Ministério dos Transportes à carteira de contratos assinados não chegava a R$ 300 milhões. Todas as obras aqui em Alagoas estavam paralisadas. A BR101 estava completamente paralisada há quatro anos já; o viaduto da Polícia Rodoviária Federal não tinha nem projeto; o Carié-Inajá não tinha projeto; a manutenção das nossas rodovias estava parada… Hoje nós temos uma carteira de R$ 1,3 bilhões só em Alagoas. Nós estamos conseguindo aqui realizar obras estruturantes para nosso Estado que são importantes agora e também para o futuro. Retomamos toda duplicação da BR101. Até abril quero entregar todo eixo norte que vai de Maceió até Recife completamente duplicado, a exceção daquela área indígena de Joaquim Gomes. O viaduto da Polícia Federal, obra de R$ 77 milhões, 100% recurso federal. Não é um simples viaduto, é um complexo viário. O Porto de Maceió, que há muito vem perdendo competitividade e que desde 1998 não recebe uma limpeza no seu canal de evolução e no seu canal de acesso, sofrerá uma dragagem. A ordem de serviço já está liberada. Até o início de fevereiro a obra deve está começando para garantir profundidade ao Porto de Maceió. Além disso, agora em janeiro estamos licitando o terminal de passageiro do Porto, e assim, voltaremos a ter competitividade e um maior volume turístico.

Derrubada de Dilma Rousseff, traição?

De forma nenhuma. Eu votei na Lula no primeiro mandato pelo sucesso do governo do presidente Lula até aquele momento. Ninguém conhecia os bastidores da política e da corrupção que tinha acontecido naquele governo. A presidente Dilma começou o governo até bem, mas logo em seguida eu fiz oposição. Antes da liderança do PR eu fiz oposição e continuamos mesmo no PR apoiando o governo de forma independente. Voltamos algumas vezes para ajudar o governo. Eu votei no ajuste fiscal proposto pelo ministro Levi, no governo da presidente Dilma, mas criticamos várias vezes, inclusive, enquanto líder, a denúncia da compra da refinaria de Pasadena foi feita por mim. Eu fui um dos primeiros parlamentares já de um partido da base do governo a fazer a denúncia de Pasadena. A primeira CPI da Petrobrás a assinatura foi coletada por mim. Eu fui o autor do pedido de CPI que engavetado lá. Então, a gente sempre manteve uma posição de independência. Ajudei o governo naquilo que era possível.

Michel Temer

Ele não é um homem carismático, isso é fato. Ele assumiu o país no momento de uma convulsão política talvez nunca vista na história desse país. O Brasil numa recessão violentíssima. Precisou tomar medidas duras, e, aliás, paciente na UTI você não cura com anestesia, você precisa de remédio forte. Mas o presidente, apesar de não ter essa popularidade, eu não tenho a menor dúvida que ele vai ser reconhecido como o presidente que tirou o Brasil da sua maior crise política, pior do que a recessão de 29 e 30.

 

Redação do Jornal Folha de Alagoas

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