William se emociona em noite de gala contra a Rússia e celebra Mundial aos 39 anos: “É incrível”

Era difícil ler a expressão de William. O olho meio marejado e a voz embargada davam o tom da emoção, mas a impressão era de que o levantador ainda estava assimilando o que havia acabado de fazer em quadra. E não era pouco. A entrada do jogador do Sesi-SP transformou uma derrota parcial por 2 sets a 0 em uma virada incrível diante da Rússia na abertura da 3ª fase do Mundial masculino de vôlei. Uma vitória simbólica para quem estreia no campeonato beirando os 40 anos.

William foi campeão olímpico com o Brasil na Rio 2016, mas nunca havia disputado um Mundial. Na última edição, na Polônia, a vaga de reserva de Bruninho foi ocupada por Rapha. Desta vez, mesmo com os 39 anos nas costas, não havia dúvidas de que seria o convocado por Renan Dal Zotto para formar o grupo que buscaria o tetracampeonato no evento. Entrou bem em todos os jogos acionado na inversão do 5-1 e foi titular diante da Bélgica, na última rodada na segunda fase.

Nesta quarta-feira fez juz ao apelido de “Mago”, recebido no período em que jogou na Argentina. Diante dos gigantes russos, mudou completamente a cara do jogo. Compensou a pouca estatura e consequente reduzida contribuição no bloqueio com jogadas magistrais. Em uma delas, correu na lateral da quadra e, de manchete, de costas, fez um levantamento espetacular para a virada de Wallace. No chão, foi abraçado por Lipe em reconhecimento pela grande jogada.

– O coração ainda está acelerado aqui. Mas valeu, faz parte. Foi um baita jogo. Para mim é especial estar aqui já. Tinha muitos objetivos em minha carreira, e um deles era jogar um Mundial. Para mim já era muito bacana este momento. Poder viver isso aos 39 anos é incrível. Entrar em um jogo difícil como esse…. A Rússia é o time a ser batido, e poder ajudar, fazer algo diferente para que a equipe saísse com a vitória, é uma coisa muito bacana, um orgulho enorme fazer parte de um grupo assim e contribuir de alguma maneira.

O técnico Renan Dal Zotto dividiu os méritos da mudança com a comissão técnica. Era claro para a equipe que seria preciso sacrificar o poderia do bloqueio com William em quadra, mas uma estratégia defensiva foi traçada justamente em cima disso. O Brasil conseguiu armar mais contra-ataques e, assim, minar a vantagem da Rússia.

– O Bruninho não estava mal, estava bem na partida. Mas taticamente as coisas não estavam acontecendo como queríamos. Todo mundo sabe que ele é um excepcional levantador. Tem uma característica que é ser um jogador baixo e no bloqueio ele tem um alcance muito baixo. Então todo mundo joga em cima dele. Essa estrutura tática de defesa cobrindo o William proporcionou vários break points. Tinha que arriscar. O William foi bem. Na verdade todos foram bem – disse Renan.

O Brasil não entra em quadra nesta quinta-feira, mas pode garantir a classificação para as semifinais do Mundial se os Estados Unidos vencerem a Rússia. Na sexta-feira a seleção volta ao Pala Alpitour, em Turim, para enfrentar os americanos., às 12h (de Brasília) Uma vitória assegura a vaga na próxima fase e a classificação em primeiro lugar no grupo I.

GE

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