Avassaladora. Assim pode ser considera a vitória de Renan Filho (MDB) ao governo do Estado no domingo, 7/10. Uma série de acontecimentos convergiram para vitória, que segundo as últimas pesquisas, deve ultrapassar mais de 70% dos votos válidos em favor de Renan. Sem adversários de peso, a eleição foi praticamente um plebiscito.
Sem uma estrutura profissional, Josan Leite (PSL) e Basile (PSOL) sucumbiram diante de tantas limitações e da falta de penetração popular. Josan serviu apenas como cabo eleitoral de luxo do presidenciável Jair Bolsonaro e Basile tentou emplacar um discurso moderado, mas sempre apontando as chagas da primeira gestão de Renan.
O principal bloco de oposição do Estado, liderado por Rui Palmeira (PSDB), Benedito de Lira (PP) e Arthur Lira (PP) era cobrado por diversas lideranças para se posicionar diante do pleito que se avizinhava. Com a desistência de Rui e outras negativas, que ficaram nos bastidores, a oposição ficou sem nome para lançar ao Governo, ou seja, influenciando diretamente na falta de palanque para Biu de Lira, que concorre à reeleição ao Senado.
Um arranjo, liderado por Arthur Lira, numa tentativa desesperada de salvar a reeleição do pai, foi “convocar” o senador Fernando Collor (PTC) para ser o cabeça de chapa na disputa ao Governo. O senador embarcou na aventura bancada pelos “De Lira” acreditando que poderia rivalizar de fato o Governo do Estado com Renan Filho.
A chegada de Collor não foi bem vista pelo eleitorado alagoano que naquele momento já dava demonstrações do esvaziamento do bloco de oposição. Caminhadas e carreatas tinham pouco apelo e “onde o Collor passa vai arrastando o povo” dessa vez não colou.
Enquanto o grupo de oposição quebrava a cabeça para dar uma solução a candidatura de Biu, porque a de Collor já tinha destino concreto: a derrota. O tucano Rodrigo Cunha (PSDB) apostou numa campanha emotiva, mostrando no guia eleitoral que sua família tinha sido vítima da violência política, devido a execução da sua mãe, Ceci Cunha.
O “novo” tomou o lugar do “velho”, Benedito que tinha uma mega estrutura sucumbiu diante daquele que em tese seria apenas uma sobra para compor sua dupla na corrida ao Senado. A surpresa assombrou os figurões da política local, Rodrigo se tornou uma daquelas “forças da natureza”, que foi incorporada pelo inconsciente coletivo.
Em paralelo ao desarranjo da oposição, Renan Filho seguiu consolidando sua campanha e levando o nome dos seus dois candidatos ao Senado, Renan Calheiros (PMDB) e Maurício Quintella (PR) para todos Estado. Ao que parece, conforme os dados científicos das pesquisas registradas, Renan Calheiros e Rodrigo brigam pela dianteira e Maurício tenta se consolidar como principal segundo voto para se eleger.
Voltando para oposição, Collor e seus assessores mais próximos constataram que a campanha do Governo era secundária a tentativa de levar Biu ao Congresso Nacional novamente. Rodrigo Cunha ocultava que fazia parte da chapa de Collor, temendo que sua gigantesca rejeição, desde do início da campanha, fosse atrelado ao seu nome. Mas o roteiro montado pela velha guarda tucana deu certo.
Collor jogou a toalha, o ex-presidente viu que a derrota para Renan Filho seria acachapante e tirou o time de campo. Após a “ressaca eleitoral”, Collor ainda foi visto algumas vezes com o filho, Fernando James, que é candidato a deputado federal, mas sem muito destaque na chapa que tem com os prováveis mais votados Jhc (PSB) e Arthur Lira (PP).
O que estava ruim, ficou ainda pior. Sem Collor na disputa, vários políticos profissionais foram consultados, mas nenhum topou a parada. Até que o nome do delegado aposentado da Polícia Federal, Pinto de Luna, apareceu. Luna sem muito traquejo político seguiu na missão, mas sem êxito, até porque no último pleito foi candidato a deputado estadual e pediu voto para Renan Filho, dizendo que “era o melhor para Alagoas”.
O despreparo beirou até os últimos dias da eleição, durante o debate da TV Gazeta de Alagoas o candidato Renan Filho provocou Luna, insinuando que o delegado aposentado, que é paulista, é um forasteiro. Luna respondeu que “estava sempre velejando pela região e sempre era visto na praia (orla). A emenda saiu pior do que o soneto!
Novos cenários
Com o iminente êxito nas urnas de Rodrigo Cunha, o PSDB deve tê-lo como uma nova liderança local. Já que o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, deixará o comando do executivo em 2020 e ficará sem mandato.
Ficará Rodrigo na responsabilidade de liderar o processo de “manutenção do poder” da capital, uma vez que Rui evidenciou uma falta de habilidade política estando a frente do ninho tucano em Alagoas.
Com a máquina do Estado, Renan Filho deve lançar forças com capilaridade nos dois principais colégios eleitorais do Estado, Maceió e Arapiraca, como fez em 2016, respectivamente, com Cícero Almeida (PHS) e Ricardo Nezinho (MDB). A eleição de 2018 irá consolidar as principais forças políticas do Estado que irão dar as cartas nos próximos quatro anos.
Jornal Folha de Alagoas