A Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) realizará atividades em alusão ao mês da Consciência Negra. A programação começa no dia 19 de novembro, com a entrega do Prêmio Tia Marcelina para 15 pessoas e instituições que defendem a igualdade racial e lutam contra o preconceito e a discriminação.
O Prêmio Tia Marcelina é uma homenagem à ex-escrava de origem africana, descendente do Quilombo dos Palmares e matriarca do Candomblé em Alagoas, morta durante o Quebra de Xangô, movimento que perseguiu e torturou em 1912 representantes das religiões de matrizes africanas. O evento acontecerá no auditório Aquatune, do Palácio do Governo, a partir das 18h.
Na sequência, a Semudh participará das atividades realizadas no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, na Serra da Barriga, localizada no município de União dos Palmares. A data será o marco inicial da Campanha dos 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, pelo reconhecimento histórico da opressão e discriminação contra a população negra e, especialmente às mulheres negras brasileiras que têm suas vidas marcadas pela opressão de gênero, raça e classe social.
O Encontro Estadual da Juventude Negra e o Encontro da Juventude Quilombola vão acontecer juntos nos dias 29 e 30 de novembro, na comunidade quilombola dos Mamelucos, no município de Taquarana. Os eventos terão como pauta a Juventude Negra nos dias atuais na Perspectiva da Justiça e dos Direitos Humanos, com palestras de estudantes universitários quilombolas que se destacaram em seus cursos superiores e de representantes da Semudh que falarão sobre os Direitos Humanos voltados para as comunidades quilombolas.
Inclusão
Para a secretária da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria José da Silva, colocar em pauta a temática dos direitos humanos, da igualdade racial e do enfrentamento à violência contra a mulher é o caminho para mudarmos a sociedade e conseguirmos conquistas no respeito ao outro, razão pela qual a programação da Semudh busca sempre incluir as comunidades mais distantes da capital e mais carentes como as de assentamentos rurais e os quilombolas.
“Temos o desafio de incluir os povos tradicionais nas políticas públicas e nas discussões sobre os direitos deles. Quando levamos as palestras para esses lugares, estamos garantindo acesso à informação e a tomada de consciência, o começo da transformação social”, disse Maria.
Alagoas tem 16.291 índios, 132.766 negros, 1.257.247 pessoas que se declaram pardas, conforme o Censo do IBGE de 2010. São 6.889 famílias de origem quilombola, de acordo com os dados do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral). Segundo a Fundação Cultural Palmares e o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, são cerca de 70 comunidades quilombolas e 121 assentamentos rurais no estado.
Para a superintendente de Políticas para os Direitos da Mulher, Dilma Pinheiro, é fundamental ampliar o universo de discussões sobre o enfrentamento à violência contra a mulher, dando acesso àquelas que vivem em assentamentos rurais, comunidades quilombolas, tribos indígenas, bairros da periferia de Maceió, permitindo que possam ter conhecimento sobre seus direitos, bem como garantindo um espaço seguro para compartilhar suas vivências, angústias e dúvidas de uma forma que se empoderem e consigam melhorar a realidade do dia a dia. “Nosso papel é de disseminar a informação numa linguagem adequada à diversidade dos públicos que atendemos”, afirma Dilma.
Mulher e a Consciência Negra
Os 16 Dias de Ativismo – campanha mundial liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece anualmente de 20 de novembro a 10 de dezembro, tem como objetivo a mobilização global pela prevenção e eliminação da violência contra mulheres e meninas. O Brasil está em 7º lugar no mundo no ranking da violência contra as mulheres. Em Alagoas essa campanha faz parte do calendário de eventos da Semudh.
Com o tema central “Alagoas Unida pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, a programação dos 16 Dias de Ativismo terá este ano a inclusão do assunto Consciência Negra. Os eventos começam dia 19 de novembro com uma Roda de Conversa sobre Violência de Gênero contra a Mulher Negra e uma oficina sobre o uso de turbantes, símbolo da cultura negra, com uma ciranda, no assentamento Açucena em União dos Palmares.
No dia 21, será a vez de encontro com líderes comunitários dos bairros de Maceió para falar sobre a Violência de Gênero. O evento ocorrerá no Centro Especializado do Atendimento à Mulher (CEAM), na Jatiúca.
Já no dia 22, a equipe da Semudh volta ao interior. Desta vez para o Assentamento Rua Nova, em Jequiá da Praia, às 10 horas, com o tema: Violência contra a Mulher Rural e Oficina de Turbante com Ciranda.
À noite, às 18 horas, haverá uma roda de conversa para alunos da UNIT – Universidade Tiradentes, sobre Violência de Gênero contra a Mulher Negra.
Uma blitz da Mulher no Centro de Maceió será a programação do dia 26 de novembro, em alusão ao Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, comemorado em 25 de novembro.
No dia 6 de dezembro, Dia da Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra a Mulher, com rodas de conversa em canteiros de obras da construção civil.
No dia 7 de dezembro, haverá o Prêmio Alagoas de Direitos Humanos, que terá entre os agraciados pela honraria a capitã da Polícia Militar de Alagoas, Márcia Danielli, pelo trabalho desenvolvido no comando da Patrulha Maria da Penha, que garante o cumprimento de medidas protetivas às mulheres vítimas de violência doméstica.
O encerramento dos 16 Dias de Ativismo ocorrerá na Praça Centenário, a partir das 10 horas, com show musical, oficinas de bonecas e outras atividades culturais.