“É gratificante e salva vidas”. Assim Dayse Karine Chagas, técnica em enfermagem, define a doação do leite materno que ela faz ao posto de coleta da Unidade Básica de Saúde Dr. Hamilton Falcão, localizada no Benedito Bentes, que destina todo o alimento recolhido para o banco de leite do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA).
Mãe de Bernardo, de quatro meses, Dayse Karine usa exclusivamente o leite materno na alimentação do filho e garante que os benefícios dessa prática são visíveis. “Eu me sinto muito feliz, é muito importante saber que estou salvando outras vidas. Amamentar é muito bom, meu bebê é forte e eu sei que tem outros bebês por aí, tendo esse benefício”, destacou ela, que destina cinco vidros de leite por semana para doação.
A coleta das doações é feita pela técnica em enfermagem Ivanilda Pereira, que atua na unidade e sai, três vezes por semana, em busca do leite nas casas das mães doadoras. “Eu sou apaixonada por esse trabalho, pois é importante saber que estamos levando esse alimento para outros bebês e que as pessoas colaboram de coração, não tem nada em troca”, disse.
Cuidado na coleta do leite
Ivanilda explica que a mãe recebe um kit contendo os frascos esterilizados, uma touca e a máscara, além das orientações sobre os cuidados e higienização da mama. O leite materno coletado deve ser armazenado no congelador, sem estar próximo a outros alimentos.
A doadora precisa ser saudável e ter os exames laboratoriais em dia, caso não tenha, esses procedimentos são solicitados e realizados no HU. “E o que dá a garantia da qualidade desse leite não são só esses exames é o processo da pasteurização, pois, por meio dele, são inativados todos os micro-organismos existentes no leite humano”, pontuou Rosângela Gonçalves, coordenadora do banco de leite do HU.
O cuidado deve existir desde a coleta do alimento até a distribuição, passando por vários procedimentos. “Quando o leite chega, ele é pré-armazenado. Antes da pasteurização é descongelado a 40 graus, em banho maria, uma enfermeira tira amostras desse leite para fazer duas análises, a da acidez Dornic (que mostra se houve alguma alteração no alimento) e o crematócrito (analisa a caloria do leite). Além disso, são analisadas a cor, embalagem e odor (off flavor).
A pasteurização leva 30 minutos, sem contar o período de pré-aquecimento. Após o procedimento, o leite leva um choque térmico e vai de 62,5° a 5 ou 7°, os micro-organismos patogênicos e os encontrados na pele.
Banco de leite humano do Hospital Universitário
Implantado em 2002, com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o banco de leite do Hospital Universitário é o responsável por destinar essas doações às crianças internadas no hospital. “É um centro especializado, sem fins lucrativos, que visa incentivar o aleitamento materno e outras atividades como a coleta do leite, o transporte, seleção, classificação, pasteurização, o controle de qualidade e a distribuição desse leite para a UTI e UCI neonatal”, explicou a coordenadora do banco de leite do HU.
Rosângela destaca ainda a importância da parceria com a unidade . “O trabalho que o Hamilton Falcão faz é muito bonito e a gente não pode deixar morrer, porque está promovendo a saúde, evitando o aumento da taxa de mortalidade infantil. Quando a mãe não consegue amamentar seu filho e recebe esse alimento, ela está recebendo vida, porque ela esse componente maior que o leite materno tem, que a proteção imunológica”, ressaltou.
Como ser doadora?
Para ser doadora de leite materno basta entrar em contato com a equipe do Banco de Leite do HU pelo telefone 3202-3945. Todos os procedimentos necessários serão explicados e o alimento coletado na casa da doadora.
Assessoria