De forma inconsequente, deputado defende reabertura de praias e calçadão

O deputado cabo Bebeto parece não ter noção da gravidade da pandemia que vivenciamos em Alagoas e quer derrubar a proibição de acesso às praias e do calçadão para execução de atividades físicas. E o militar de baixa patente vai além: posta uma foto nas redes sociais comparando o número de mortes do ano passado com as desse ano – onde a veracidade das informações é bastante questionada. Sem compaixão pelas famílias das vítimas e desprezando a letalidade do vírus.

O médico infectologista José Maria Constant se posiciona contra afrouxar as medidas estabelecidas pelo governador Renan Filho e prefeito Rui Palmeira, pelo menos neste momento. “Os cidadãos precisam ter um pouco mais de paciência. O mundo não vai se acabar e as pessoas poderão voltar à rotina após toda essa problemática passar. Locais públicos, efetivamente, devem ser evitados”, disse.

Segundo o Jornal das Alagoas, Bebeto quer “derrubar” os incisos IV e VI do artigo 1º do Decreto 69.722 de 4 de maio de 2020. Esses incisos são os que proíbem “o acesso às praias, ao calçadão das avenidas à beira-mar, a beira rio, a lagoas e praças, para prática de qualquer atividade”.

O parlamentar argumenta Poder Executivo – nesse ponto – “exorbita os seus limites de regulamentação, ofendendo frontalmente normas constitucionais que são garantidoras de direitos fundamentais inalienáveis, insuprimíveis e imprescritíveis, contrariando

assim, o princípio da dignidade da pessoa humana, além de desrespeitar os princípios constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade”.

Bebeto defende que o governo fere a liberdade de locomoção. “Esse direito é flagrantemente vilipendiado por essa disposição abusiva, desproporcional e desarrazoada, uma vez que o simples acesso aos locais citados não determina qualquer incremento ao risco de contaminação dos transeuntes. Há uma larga diferença entre as ações de transitar e aglomerar”.

O médico José Maria Constant reforça a importância do isolamento social. “Se deve evitar qualquer aglomeração desnecessária. Em relação a pratica de atividades físicas em locais públicos, essas pessoas irão cruzar com outras. São locais de aglomeração. A proibição de frequentar esses locais foi bastante assertiva”.

O especialista no assunto destaca que nós estamos vivenciamos uma situação muito difícil. “O isolamento social e todas essas medidas foram tomadas em prol do bem comum. Os médicos e outros profissionais da saúde estão almejando achatar a curva, que continua crescente. Os respiradores não são suficientes e as pessoas vão continuar morrendo, caso não se tenha um freio. Então, a empatia é muito importante nessa fase”.

O médico atua no município de Paripueira. Ele contou que a Prefeitura da cidade tomou uma iniciativa interessante: interditou a rua que fica a lotérica e o posto dos Correios, colocou parte da via cobertura com toldos e bancos com a marcação de local, com a distância de dois metros de um para o outro. “A exigência é que todos usem máscaras. O Executivo de lá também está oferecendo a quem não tem”.

Para o infectologista, é um modelo a ser implantado em outras cidades do Brasil. “Peço mais uma vez um pouco mais de compreensão. Só saiam em casos de extrema necessidade. Muita gente está morrendo e a situação só vem piorado”, apela José Maria Constant.

Endurecimento das medidas

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) vistoriou as obras de conclusão do Hospital Metropolitano, que passará a funcionar neste sábado (16), no bairro da Cidade Universitária, na parte alta da cidade de Maceió.

Segundo o emedebista, o novo hospital, que foi construído com recursos próprios do Estado, contará com 160 leitos, que serão utilizados exclusivamente para o tratamento de pacientes que foram infectados pelo novo coronavírus.

Renan Filho ainda falou sobre um eventual e, bem possível, endurecimento nas medidas que estão sendo implementadas pelo Estado, para fazer com que o isolamento seja obedecido pela população.

O chefe do Executivo Estadual explicou que muitas medidas estão sendo avaliadas e não descartou que os parâmetros para o isolamento sejam ampliados, restringindo ainda mais a circulação de pessoas nas ruas.

“Muito tem se falado, nos últimos dias, a respeito do que chamam de lockdown, mas antes de adotar essa medida extrema, é preciso fazer uma ampla avaliação do quadro epidemiológico do Estado e saber como esse fechamento está sendo implementado em outras localidades. Mas, é bom enfatizar, que essa medida não está descartada. Estamos notando que, em muitos casos, o decreto que vigora até o dia 20 já está sendo encampado pela população, mas estamos avaliando a curva de contaminação da doença”, ponderou o governador.

 

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