Presidente de Sindicato se cala diante das demissões do Sistema S

Ivanilda Carvalho e José Carlos Lira seguem em silêncio sobre demissão em massa no Sistema S

Da Redação

Em dossiê obtido pela Folha de Alagoas, a desestruturação da Federação das Indústrias do Estado do Alagoas (FIEA) vai além das demissões em massa do Sistema S. Ao mesmo tempo em que o desmonte é realizado, o presidente da Federação, José Carlos Lira, e a presidente do Sindicato dos Empregadores em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional de Alagoas (Senalba), Ivanilda Carvalho, cujo dever seria representar os trabalhadores, seguem sem dizer uma palavra sequer sobre o assunto. No alto escalão do Sistema S, o silêncio impera.

Nos arquivos recebidos, enquanto colaboradores são despedidos, a alta cúpula da direção da FIEA permanece com vencimentos acima de R$ 30 mil. Alguns, inclusive, aproximam-se de R$ 50 mil mensais. Concomitantemente, funcionários com algum grau de parentesco com os dirigentes permanecem empregados. A lista com o nome dos magnatas será exposta em breve, além do nepotismo histórico.

Por outro lado, reformas na Casa da Indústria e a construção de uma Indústria do Conhecimento para socioeducandos, em parceria do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Prevenção à Violência (Seprev), com a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), no Tabuleiro do Martins, continuam sendo executadas sem maiores problemas. Qual a prioridade da FIEA?

A denúncia, presente no dossiê, afirma ainda que a situação financeira do Sistema S está caótica, sobretudo no Senai e Sesi, que têm, respectivamente, como diretor e superintendente, Carlos Alberto Paes. Essa conjuntura econômica das entidades vai fazer com que, no fim deste mês de julho, as demissões sejam paralisadas, como forma de desviar a atenção do momento, mas principalmente porque está faltando dinheiro para o pagamento das rescisões trabalhistas.

Na mesma direção, a presidente do Senalba, Ivanilda Carvalho, permanece em silêncio ante questionamentos da categoria, evitando responder solicitações dos funcionários e da imprensa. No documento, há relatos de trabalhadores que procuraram Ivanilda e outros líderes, no entanto, foram ignorados.

Segundo uma fonte ligada ao FIEA e ao Senalba, que prefere não se identificar por medo de represália, Ivanilda Carvalho se omite das questões por motivo de ser empregada da Associação dos Empregados SESI, SENAI, FIEA e IEL (Assefi). Isto é, ela, caso lutasse pelos direitos dos trabalhadores, colocaria seu emprego em risco. Vale ressaltar que o mesmo material encaminhado para o jornal Folha de Alagoas também foi enviado para o Sindicato. A reportagem tenta há três semana falar com a senhora Ivanilda, mas segue sem êxito.

De acordo com o relato presente no dossiê, isso é corriqueiro no sindicato. “Todos dizem que o Senalba é um antro de pelegos”, afirma o comentário. Na semântica pejorativa, pelego pode ser traduzido como agente disfarçado do governo que procura agir politicamente nos sindicatos de trabalhadores.

Preso e chamado para prestar esclarecimentos à Polícia Federal em fevereiro do ano passado, José Carlos Lira está na presidência da Federação há décadas.

Outras denúncias
A Folha de Alagoas noticiou, há duas semanas, que o Sistema S estava demitindo dezenas de funcionários, em plena pandemia do coronavírus, e com a perspectiva de continuar a política de desligamentos, que poderia ultrapassar a marca de 100 demissões.

Além disso, uma fonte contou que um trailer ficou estacionado na frente da Casa da Indústria, com o intuito de acelerar os exames de demissão, e em alguns casos funcionários estavam sendo buscados em casa por veículos das entidades para completar o trâmite dos desligamentos. Esta fonte relatou também que serviços, teoricamente gratuitos após recursos doados pelo Governo Federal, estavam sendo cobrados da comunidade.

Também foi apurado pela Folha de Alagoas que dezenas de programas, projetos e atividades, como Vira Vida, DST/Aids e campeonatos de futebol, comumente ofertados à população e industriários foram encerrados.

Sem comunicação
A reportagem da Folha de Alagoas procurou de muitas formas em entrar em contato com a representante do Senalba, Ivanilda Carvalho, mas não obteve êxito. O telefone, com final 8430, não é atendido por ninguém há semanas, assim como outros integrantes da Força Sindical, que chegam a responder até que não possuem contato com a presidente. Não falar tem sido a abordagem escolhida. A Folha segue aberta às declarações do Sindicato.

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