Mais de 30% dos prefeitos eleitos por PP, PL, Republicanos, PT e PCdoB governarão municípios com baixo IDH

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Um levantamento feito pelo G1 com dados do 1º turno destas eleições mostra que alguns partidos, como PT e PCdoB, se saíram melhor, proporcionalmente, em cidades com IDH baixo, enquanto outros, como o PSL e o PSDB, conseguiram um sucesso maior em municípios com IDH alto.

Mais de 30% das prefeituras conquistadas por PP, PL, Republicanos, PT, PCdoB e DC são de cidades com IDH baixo. Já partidos como Cidadania, Podemos, PSDB, PSL, PV e PTC terão mais de 40% dos seus eleitos em municípios com IDH alto.

O cientista político Eduardo Lazzari, doutorando na USP e pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole, lembra que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) busca resumir numa medida simples as condições de vida dos habitantes de um determinado território. O cálculo do índice considera indicadores de saúde, educação e renda.

O IDH-M considera ainda o Censo mais recente, que é de 2010. Como cinco municípios foram criados após o Censo, eles não têm IDH e, portanto, não entram no levantamento. Quatro elegeram prefeitos do MDB; e um, do DEM. O IDH tem cinco classificações (muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto).

Baixo IDH
Apenas PCdoB e DC têm um percentual maior de eleitos em municípios com baixo IDH do que o PT, sendo que ambos elegeram poucos prefeitos. O DC conquistou apenas uma prefeitura, e o município tem IDH baixo (ou seja, 100% dos eleitos). Já o PCdoB elegeu 46 prefeitos, sendo que 29 estão nessa faixa do indicador – 63% do total.

Já o PT concentra 68 dos 179 prefeitos eleitos no primeiro turno em municípios com baixo IDH. Isso representa 38% do total.

Para Lazzari, a maior presença do PT nessa faixa do indicador tem relação com a atuação do partido na Região Nordeste nos anos em que ocupou a Presidência, de 2003 a 2016. Ele destaca ainda que mais da metade dos municípios do Nordeste têm IDH baixo (61,3%). Já na década de 1990, lembra o pesquisador, a forte presença na região era do então PFL (atual DEM).

“Algo semelhante ocorre com o PCdoB, já que a presença no Maranhão, em função do governador Flávio Dino, aumentou a força política do partido num dos estados mais pobres do Brasil, com baixos IDHs, embora o número de prefeituras desse partido em 2020 tenha caído em relação a 2016”, diz.

Alto IDH
Os três partidos com a maior proporção de municípios com alto IDH são: PTC (o único prefeito eleito), PV (28 dos 46 eleitos, o equivalente a 60,9%) e PSL (50 dos 90 eleitos – ou seja, 55,6% do total).

O PSDB aparece logo em seguida. O partido conquistou 244 dos 512 prefeitos eleitos (47,7%) em municípios de alto IDH. O número é maior, inclusive, que o registrado pelo partido na faixa de municípios com médio IDH – 187 prefeituras (36,5%).

“A presença do PSDB em municípios com IDHs mais elevados se deve à força política do partido no Sudeste, principalmente em São Paulo, seja por ter vencido todas as eleições para governador desde 1995, seja pelas características do eleitorado paulista. Como o estado apresenta muitos municípios com IDHs elevados, o PSDB passa a ser um partido com muitas prefeituras em cidades de alto desenvolvimento humano”, afirma o cientista político.

O cientista político ressalta que o PSL tem se empenhado para ser uma “alternativa política à direita” e avançou em prefeituras do Paraná e de Santa Catarina. “Como os estados da região Sul possuem muitos municípios com IDH elevado, o PSL acaba tendo a maior parte de suas prefeituras nesta faixa do índice.”

Lazzari afirma ainda que os partidos que mais elegeram prefeitos (MDB, PP e PSD) têm uma presença menos desigual entre as faixas do IDH. “Afinal, com mais prefeituras, sobretudo o MDB, os partidos têm mais chances de se difundir pelo território nacional, tornando sua força política menos correlacionada com o IDH.”

G1

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