Ramírez, Mano e árbitro são intimados a dar depoimento sobre o caso de injúria racial a Gerson

A delegada Marcia Noeli, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, informou que Ramírez, jogador do Bahia, o técnico Mano Menezes e o árbitro Flavio Rodrigues de Souza, responsável por conduzir o Flamengo 4 x 3 Bahia, serão intimados a dar depoimento presencial sobre o caso de injúria racial ao volante Gerson, do Flamengo.

Gerson acusou Ramírez de dizer “Cala a boca, negro”, durante a partida do Flamengo contra o Bahia. O volante vai dar depoimento na manhã desta terça, na delegacia especial, no Centro do Rio de Janeiro. Ainda não há data para o comparecimento das outras pessoas que serão ouvidas.

– Instaurei inquérito e combinei com o departamento jurídico do Flamengo para que o Gerson viesse aqui para que pudesse relatar tudo o que aconteceu. Pedi para CBF os documentos referentes ao jogo (súmula). Injúria racial é crime e tem que ser punido. Importante as pessoas entenderem que não pode haver mais racismo – disse a delegada Marcia Noeli.

“O ‘cala boca, negro’ é justamente o que não vai mais acontecer”, diz Gerson

Após relatar ter sofrido injúria racial do meia colombiano Ramirez, do Bahia, na vitória do Flamengo por 4 a 3, neste domingo, Gerson publicou um manifesto em suas redes sociais contra o racismo.

“Amo minha raça e luto pela cor.”

O “cala boca, negro” é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol – o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o “cala a boca, negro”. E eles não conseguiram. Não será agora.

“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Não adianta ter o discurso, fazer campanha, e não colocar em prática em todos os aspectos da vida, inclusive dentro de campo. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o “cala a boca, negro” podem ser aceitas.

É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito. E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime.

Não vou “calar a minha boca”. A minha luta, a luta dos negros, não vai parar. E repito: é chato sempre termos que falar sobre racismo e nada ser feito pelas autoridades.
Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol.
Não me calaram na vida, não me calaram em campo e jamais vão diminuir a nossa cor”

GE

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