Senador Renan Calheiros irá investigar omissão de Bolsonaro durante a pandemia

Jornal Folha de Alagoas – Impresso

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) deve mesmo assumir o posto de relator da CPI da Covid-19, cujos trabalhos começam na próxima semana. A afirmação é do também senador, Otto Alencar (PSD-BA), integrante da comissão.

Os nomes para presidente e vice são: Omar Aziz (PSD) e Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade), pois há acordo garantindo pelo menos sete votos a eles. Isso significa que Renan Calheiros será o relator. “O Renan é líder da maioria no Senado, pouca gente presta atenção nisso. Ele tem mais do que legitimidade para relatar essa CPI”, disse o senador Otto Alencar, em entrevista para o jornal O Globo.

A CPI da Covid vai investigar ações e eventuais omissões do governo federal em meio à pandemia e fiscalizar recursos da União repassados a estados e municípios, começa no próximo dia 27 de abril e será realizada de forma semipresencial, com a possibilidade de participação dos senadores tanto pessoalmente quanto virtualmente.

O senador Omar Aziz (PSD) confirmou que indicará Renan “sem dúvida” para a relatoria da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

Na semana passada, o Planalto agiu para que Renan Calheiros não fosse indicado para a relatoria. Além de ser crítico do governo de Bolsonaro, ele apoia o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para disputa presidencial em 2022.

Protagonismo
O relator é quem prepara o parecer final após os trabalhos serem realizados pelos 11 membros da comissão. É nessa peça que são sugeridos indiciamentos ou não. É um cargo chave para garantir que as investigações atinjam aqueles que eventualmente tenham cometido irregularidades ao longo da pandemia.

Jogo duro
O senador Renan Calheiros criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro por tentar removê-lo do cargo antes mesmo de assumir. O parlamentar acusou o Planalto de tentar “politizar a investigação”.

“Eles não conseguirão [politizar]. Faremos uma investigação eminentemente técnica e nosso único inimigo é a pandemia. A sociedade apoia a CPI e ela tem especificidades”, declarou o senador, que acrescentou: “Muita coisa está postada, confessada, testemunhada, produzida e comprovada”.

“Nada nos deterá no cumprimento do nosso papel, não adianta”, reforçou o senador.

Guerra digital
Renan anunciou, em seu perfil no Twitter, que decidiu suspender o uso de sua conta na rede social por conta de ataques recebidos de simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo Calheiros, sua assessoria identificou que, entre os autores de mensagens, havia mais de 3 mil robôs – ele afirmou ter conseguido que todos fossem bloqueados pela rede social.

Aliados de Bolsonaro, como Carla Zambelli (PSL-SP) e Alê Silva (PSL-MG), usaram o Twitter para incentivar o uso da hastag #Renansuspeito, ontra a indicação do senador para a relatoria da CPI.

Senador responsabiliza Bolsonaro por parte das mortes por Covid
O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) declarou que o presidente corre sério risco de sofrer impeachment, caso a CPI do Genocídio “for séria e independente”. Além disso, o parlamentar afirmou que Bolsonaro pode ser responsabilizado por parte das mortes na pandemia do coronavírus.

“Basta relembrar declarações feitas, entre elas a que não compraria vacina na China, que era gripezinha, que não tomaria vacina para não virar jacaré, filho dizendo para enfiar máscara naquele lugar. Ele não respeitou a ciência. Foi uma tragédia anunciada”, afirmou Kajuru.

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