Na última semana, o mês de agosto nos trouxe uma sexta-feira, dia 13. Combinação perfeita para uma boa superstição. Segundo a crença popular, a sexta-feira 13 é de má sorte e o mês de agosto traz consigo o desgosto. Mas como surgiu essa crendice? Pesquisei e encontrei algumas narrativas que procuram explicar essa fama.
Na mitologia nórdica, Loki, o Deus das travessuras e trapaças, introduziu as confusões e malefícios no mundo quando apareceu de penetra num jantar no salão Valhala, perturbando a paz e tranquilidade dos 12 deuses que lá estavam. Esse 13º convidado armou um fuzuê danado e enganou o deus cego Hodrl, que acabou atirando uma flecha que matou instantaneamente seu irmão Balder, o Deus da luz, alegria e bondade. A partir de então, Asgard, reino dos deuses, nunca mais foi o mesmo. O número 13, portanto, passou a ter uma simbologia negativa.
No Cristianismo, muitos associam o número 13 ao discípulo Judas Iscariotes, que chegou por último na Santa Ceia, na quinta-feira e, em seguida, saiu para trair Jesus que foi crucificado numa sexta-feira. Eis o número 13 e a sexta-feira se associando de forma maléfica no imaginário popular.
Na Roma antiga, o povo acreditava que no mês de agosto um dragão cuspindo fogo aparecia no céu durante a noite, espalhando a má sorte. Há quem diga que tudo não passava da constelação de leão, que se tornava mais visível naquele mês, o que gerou a lenda. Agosto, portanto, passou a ser um mês temido pelos romanos.
Em Portugal, a frase “casar em agosto traz desgosto” é atribuída à má sorte daqueles que se casavam nesse mês, justamente quando era intensa a partida de navios para o novo mundo, o que prejudicava a vida dos recém-casados. Alguns até pereciam nas viagens deixando viúvas jovens. Provavelmente surgiu daí a expressão “agosto, mês do desgosto” que sobrevive até hoje como provérbio popular.
Mas independentemente da mitologia, crenças e suposições, há fatos marcantes na história que ocorreram em agosto e deixaram a impressão de que esse mês está relacionado à má sorte. A ascensão de Hitler e as bombas de Hiroshima e Nagasaki, por exemplo, aconteceram no mês de agosto. No Brasil, no campo político, o presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio em agosto de 1954; Jânio Quadros renunciou à presidência em agosto de 1961; e Juscelino Kubitschek, que havia sido presidente de 1956 a 1961, morreu em um acidente de carro em agosto de 1976.
A verdade é que fatos ruins acontecem em qualquer data como a história está aí para comprovar. Exatamente por isso, há pessoas que adotaram o 13 como número da sorte. Nosso mestre Zagalo que o diga. Quatro vezes campeão do mundo (duas vezes como jogador, uma como treinador e outra como coordenador técnico), o velho lobo é apegado ao número 13 e vê nele uma série de aparições em sua trajetória de vitórias.
Além disso, muitas vezes, o azar de alguns pode significar sorte para outros. Quer ver? Na última sexta-feira, após a decretação da prisão preventiva do ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, a Polícia Federal saiu no seu encalço. Chegando na casa de sua ex-mulher, os federais não o encontraram. Sabendo dessa tentativa, Roberto Jefferson postou no Twitter toda sua indignação com o fato, mas para seu infortúnio era sexta-feira, dia 13, de um mês de agosto. A postagem de Jefferson estava com sua localização geográfica, o que permitiu à Polícia encontrá-lo e efetuar sua prisão logo depois. Muito azar dele, sorte dos agentes que cumpriram sua prisão.
O certo é que a sexta-feira 13 pode até ter feito alguns estragos, mas já passou. No entanto, o mês de agosto prossegue despertando desconfiança e receio. No cenário político nacional, a crise entre os poderes parece ter muito a colaborar para a má fama desse mês.
A inclusão de Bolsonaro no inquérito das Fakes News, a investigação aberta contra Bolsonaro pela suposta divulgação de depoimentos sigilosos da Polícia Federal, o pedido de impeachment de ministros do Supremo, a possível denunciação de Bolsonaro pela CPI da COVID por adulteração de documento do TCU, as declarações do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional sobre a possibilidade de uma intervenção das Forças Armadas no país, tudo isso pode agravar o clima de instabilidade e resultar num desfecho trágico para o Brasil, aumentando ainda mais a má fama do mês de agosto.