O delegado da Polícia Federal Felipe Leal explicou que havia decidido apurar atos do diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino, para saber se o presidente Jair Bolsonaro interferiu no caso do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Leal conduzia o inquérito sobre interferência de Bolsonaro na corporação. Em 6 de agosto, ele pediu explicações sobre a troca do delegado Alexandre Saraiva, após investigação que teve como alvo Ricardo Salles; e a não promoção de um outro delegado, Franco Perazzoni, que também investigou Salles.
Após decidir investigar os atos de Maiurino, o delegado foi afastado do caso pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Moraes entendeu os atos do atual diretor-geral não têm a ver com o objeto da investigação.
Após ser afastado do caso, Leal mandou ao STF explicações em um relatório parcial com os indícios e informações que já tinha reunido em relação ao caso. Leal detalhou por que pediu informações sobre atos do atual diretor-geral da PF, ampliando o escopo da apuração.
Segundo o delegado, “ a dinâmica dos fatos pode influenciar no marco temporal investigativo. Em que pese o inquérito ter-se iniciado após coletiva realizada por Sergio Fernanado Moro, aos dias 24 de abril de 2020, a investigação não deve ser apenas retrospectiva, como também prospectiva na busca de elementos que reforcem ou que refutem as hipóteses”.
Ainda de acordo com o relatório anexado pelo delegado no inquérito que corre no STF, o pedido tinha exclusivamente objetivo “elucidativo”, “sem juízo de valor” sobre o atual chefe da PF.
“Não possui qualquer juízo de valor antecipado, não indica suspeição formal subjetiva, não pressupõe responsabilidades, nem ordena a obtenção de dados com reserva de jurisdição. Tão somente um ato de instrução, em busca da verdade, visando exclusivamente ao pleno esclarecimento dos fatos”, escreveu o delegado.
No relatório, o delegado diz que há indícios de interferência de Bolsonaro na PF.
“Jair Messias Bolsonaro, valendo-se da qualidade de presidente da República, em atos de blindagem de familiares ou de integrantes do seu governo, teria determinado inicialmente a substituição dos superintendentes nos estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco, e posteriormente a exoneração do superintendente do Amazonas e não nomeação de Franco Perazzoni como delegado regional de combate ao crime organizado, no Distrito Federal”.
Como o delegado foi afastado da investigação pelo ministro Alexandre de Moraes, agora outro delegado será escolhido para tocar o inquérito na PF.
AB
