Por Leonardo Ferreira
A Unimed Maceió negou os pedidos de médicos e da família do menino Eliabe Cordeiro Rodrigues dos Santos, que está com câncer terminal em tratamento paliativo, para que a criança de 2 anos seja trazida de São Paulo para a capital alagoana por meio de UTI aérea.
Com autorização médica, os pais Jamiel Rodrigues dos Santos e Josineide Cordeiro da Silva entraram com pedido para transporte do menino do GRAACC de São Paulo, onde ele está internado desde agosto, para a Santa Casa de Misericórdia de Maceió, o que foi indeferido pela operadora de saúde.
Nos e-mails de solicitação, a alegação da Unimed é que, segundo critérios da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, a remoção somente seria obrigatória se houvesse a falta de recursos para continuidade do tratamento na unidade de saúde de origem.
Eliabe sofre com neuroblastoma em estadio 4, quando o tumor já se disseminou para outras partes do corpo. No laudo do GRAACC, a médica Jéssica Benigno Rodrigues afirma que o pedido da UTI aérea se justifica pois o paciente tem traqueostomia, necessita de suporte de oxigênio, aspiração da cânula constante e dieta por sonda nasoenteral.
“Iniciamos tratamento radioterápico, mas o tumor continuou a crescer, sendo refratário a todas as tentativas de quimioterapia, e a criança foi considerada fora da possibilidade de cura. Desta forma, indicamos pela equipe médica e solicitamos a transferência via UTI aérea da criança para o seu local de origem, onde seus pais terão apoio e serão acolhidos por amigos e familiares”, afirmou o relatório da médica, na época da solicitação, ainda em novembro.
Nesta segunda-feira (13), a médica voltou a emitir relatório reafirmando a urgência do caso e relatando a situação delicada. “Estamos abertos à necessidade de esclarecer qualquer informação faltante. Solicitamos urgência na liberação da UTI aérea, visto que o paciente está em rápida progressão da doença, sendo necessário viajar antes que apresente instabilidade hemodinâmica/clínica.
A família, através do advogado José André de Souza Barreto, acionou a Justiça neste domingo (12) com pedido de tutela de urgência para que seja determinada a disponibilização imediata de UTI aérea para a transferência de Eliabe. Diante da negativa da Unimed, a ação também pede R$ 50 mil em danos morais.
Josineide é do bairro da Santa Lúcia e tem mais três filhos, de 16 e 12 anos e outra criança de 11 meses, que estão sob cuidados da avó. Ela contou à reportagem que o diagnóstico do tumor ocorreu em novembro do ano passado.
Após indicação para levar o Eliabe para o GRAACC, que é referência no tratamento de crianças com câncer, ela solicitou a transferência à Unimed, que negou no primeiro momento, mas depois enviou duas passagens em voo comercial. O pai comprou a passagem por conta própria para viajar com a esposa e o filho. Desde então, o casal vem fazendo o possível para estar com o garoto, apesar das dificuldades econômicas, ainda mais longe de casa.
Agora, Josineide somente quer levar o filho para próximo da família. “É um sentimento de impotência. Mas o Eliabe é quem nos dá força. Estamos aqui em São Paulo esperando a decisão da Justiça para levá-lo a Maceió para ficar mais próximo dos irmãos e de toda a família”, desabafou a mãe.
A Folha busca contato com a Unimed Maceió, a fim de ouvir a versão da operadora de saúde.
*A foto utilizada foi anterior à doença. A foto atual do garoto foi preservada a pedido da família