O presidente Jair Bolsonaro interrompeu seu descanso no Guarujá (SP) para declarar que o Brasil ficará neutro em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia, que chegou hoje ao seu quarto dia. Em uma entrevista coletiva improvisada no início da noite, ele disse que ucranianos e russos são “praticamente irmãos”, que é “exagero falar em massacre” e que não quer tomar posição que possa trazer as consequências do “embate” para o país.
“Estive falando há pouco com o presidente Putin, tratamos dos fertilizantes, do nosso comércio, ficamos duas horas ao telefone. Ele falou da Ucrânia, mas me reservo a não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam”, disse. “Temos que ter responsabilidade em termos de negócios com a Rússia. O Brasil depende de fertilizantes”, acrescentou.
Ao comentar a posição favorável do Brasil a uma resolução contra a Rússia, na última sexta-feira (25), Bolsonaro afirmou que o voto do país não está definido e “não está atrelado a qualquer potência”. “Nosso voto é livre e vai ser dado nessa direção […]. A nossa posição com o ministro Carlos França é de equilíbrio. E nós não podemos interferir. Nós queremos a paz, mas não podemos trazer consequências para cá”, declarou.
O presidente ironizou a escolha de um comediante, Volodymyr Zelensky, pelo povo ucraniano para comandar o país. “O comediante que foi eleito presidente da Ucrânia, o povo confiou em um comediante para traçar o destino da nação. Eu vou esperar o relatório da ONU para emitir a minha opinião”, disse.
Segundo ele, seria uma “suicídio” tomar partido em uma guerra como essa. “O mundo se preocupa com isso. Um conflito, ainda mais para a área nuclear, o mundo todo vai sofrer com isso aí. Então isso não interessa pra ninguém, seria um suicídio. Agora, nós devemos entender o que está acontecendo, no meu entender, nós não vamos tomar partido, nós vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível em busca da solução”, declarou.
