Deputado Arthur Lira tenta assumir controle do PSD

Leonardo Ferreira

No controle do União Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, já definiu que seu próximo objetivo é mandar também no PSD. A informação é do pré-candidato a governador e líder da legenda em Alagoas, Rui Palmeira, que afirmou que não vai se submeter à vontade e à truculência de Lira.

O ex-prefeito de Maceió acusa Lira de tentar enfraquecê-lo nos bastidores. A amizade entre os dois, que ainda contava com Benedito de Lira, pai de Arthur, parece águas passadas. Rui disse que o deputado está desesperado porque escolheu o candidato errado, em referência a Rodrigo Cunha, que se filiou ao UB em acordo com Lira, JHC e Davi Filho, o postulante do grupo ao Senado.

Rui mandou Lira cuidar da sua eleição e avisou que a tomada do UB de Marcelo Victor e Nonô não vai acontecer no PSD. “Arthur controla dezenas de prefeitos, uma penca de partidos e bilhões do orçamento secreto. Mas garanto que ele não controla as minhas vontades, não me submeto ao senhor Arthur Lira. Sou candidato a governador, quer ele queira ou não”, disse ele ao jornalista Wadson Regis, do AL1.

As declarações foram confirmadas pela reportagem através de contato com Tácio Melo. Na semana passada, a Folha também entrevistou Rui, que confirmou o convite para ir ao União Brasil para ser o candidato de Lira ao Governo do Estado, mas recusou porque não concordava com o arranjo que foi ofertado.

“Rechacei o convite porque não tinha a menor condição de fazer isso com o Gilberto Kassab, que me deu a mão no momento em que eu estava sem mandato e perspectiva. Seria candidato com ou sem o apoio do Lira”, completou o pré-candidato à Folha.

Guerra de narrativas

Faltando quatro meses para o início oficial das campanhas, a guerra de narrativas já está a pleno vapor. De um lado, Rodrigo Cunha e Jó Pereira lançaram duras críticas aos Calheiros e a Paulo Dantas, que vive a expectativa de se eleger governador-tampão, o que pode lhe ajudar a ser mais conhecido aos eleitores, no pleito que ocorre na Assembleia Legislativa no dia 02 de maio, cujo resultado, em razão da bancada majoritária emedebista, já é previsível.

Em vídeo na quarta-feira (20), Cunha chamou Dantas de “fantoche dos Calheiros”. “Olha quem está aí. É o Renan Calheiros, e ao lado dele, pegando na mão, está o fantoche que ele e a Assembleia Legislativa escolheram para esquentar a cadeira do governador de Alagoas”, comentou o senador.   

Citando a saída de Renan Filho do cargo, Cunha disse que a família Calheiros fez um conchavo com a Assembleia para nomear o governador-tampão. “Sem voto popular. Tudo feito na surdina. De costas para a população e um jogo de cartas marcadas, reunindo o que há de pior na política de Alagoas. O povo com fome e sem trabalho e a preocupação dessa gente toda é em garantir o poder. Aqui em Alagoas, não”. 

Na disputa de discursos, marcada pela velha estratégia de falas eleitoreiras, até a moderada deputada Jó Pereira, possível vice de Cunha, precisou engrossar o tom após a aliança que a fez entrar no PSDB. “Há cinco anos bato de frente com o governo estadual […] Eles podem querer tentar me calar, mas vou lutar pelos mais pobres”.

Sem papas na língua, o senador Renan Calheiros não ficaria calado e atiçou a troca de farpas, mesmo sem citar nominalmente Cunha. “O senador que nada faz, depois de se vender ao Centrão, foi às redes para atacar a Constituição com disparates e desinformação. Quem sabe essa postagem o inspire a fazer algo útil – por exemplo, assinar a CPI do MEC”. 

A CPI que pode investigar irregularidades e crimes praticados na destinação das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Nessa conjuntura se inclui Arthur Lira. A última edição da Folha reportou como prefeituras alagoanas aliadas de Lira e a empresa da família Catunda foram beneficiadas com os repasses e contratos envolvendo kits robótica para escolas sem computador e água, perante compras de equipamentos 420% acima do mercado.

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