Caso Veredas: jornalista repercurte perseguição ao Grupo Folha de Alagoas


Por Kléverson Levy

Não é novidade que a realidade dos funcionários que trabalham no Hospital Veredas de Maceió vai de mal a pior desde que a denúncia foi publicada aqui no Blog Kléverson Levy em setembro de 2021. 

De lá para cá, segundo informações obtidas, pouco coisa mudou ou nada mudou para que algumas irregularidades apontadas por funcionários e colaboradores fossem resolvidas.

Atrasos nos salários, falta de material de trabalho e até ‘pressão’ em funcionários fazem parte da situação que se encontra ainda – atualmente – a unidade hospitalar em Maceió.

Porém, uma outra situação tem chamado atenção da imprensa desde maio deste ano quando o Jornal Folha de Alagoas foi notificado, judicialmente, após uma ação movida pelo Hospital Veredas pela verdade dos fatos que muitos querem esconder. 

Não escondeu a verdade, mas foi obrigada a dar um direito de reposta por ter ‘cutucado’ alguns poderosos em Alagoas.

Desta vez, a diretoria do Veredas, por meio do seu presidente Edgar Antunes Neto e do diretor financeiro, Adeilson Loureiro Cavalcante, tenta calar o jornalismo praticado pelo Grupo Folha de Alagoas, com o ingresso de uma ação criminal contra os jornalistas João Mousinho e Cícero Filho que está em tramitação na 12ª Vara Criminal da Capital, após a publicação da matéria ‘Descaso e politicagem refletem na dura realidade dos funcionários do Hospital Veredas’.

“É uma prática repugnante a tentativa de cercear atribuição da imprensa livre e séria. Não é a primeira vez e não será a última que isso irá ocorrer. O compromisso dos profissionais que fazem a Folha de Alagoas é com a verdade. Vamos seguir produzindo nossas reportagens com independência e responsabilidade editorial”, enfatiza o editor do veículo, João Mousinho.

Tentativa de calar a imprensa

A equipe da Folha também foi alvo de uma ação no âmbito civil, com tutela antecipada antecedente por direito de resposta. Na análise do mérito, os desembargadores Fernando Tourinho, Tutmés Airan e o juiz Manoel Cavalcante julgaram improcedente o pedido, pois sequer houve interesse de agir do hospital e de seu corpo jurídico, já que é entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre direito de resposta ser solicitado primeiramente no extrajudicial. 

O mais absurdo é que a ação ainda solicitava busca e apreensão de celulares, computadores, aparelhos eletrônicos dos jornalistas, bloqueio de contas, interrupção de recebimento de valores, quebra de sigilo bancário, o que foi rapidamente negado pela Justiça, em razão da desproporcionalidade e inadequação.

“Ação criminal é uma clara tentativa de impor mordaça à liberdade de imprensa, que é garantida pela Constituição. Temos confiança na Justiça, não à toa houve a negativa nos pedidos liminares feitos pela parte. Enfim, temos a certeza que o Poder Judiciário vai dar uma resposta à sociedade que já nos livramos dos períodos mais obscuros da nossa história recente, a ditadura militar, marcada pela censura à imprensa”, destaca o advogado Marcondes Costa. 

Envolvimento político

O que chama mais atenção é que o Jornal Folha de Alagoas tem sido perseguido pela diretoria do Veredas, leia-se o presidente Edgar Antunes Neto e o diretor financeiro, Adeilson Loureiro Cavalcante, após a matéria que cita os diretores e estampa imagens dos responsáveis pela unidade hospitalar.

A questão é que Adeilson Loureiro, que já foi secretário Municipal de Saúde de Maceió, na gestão do ex-prefeito Cícero Almeida, e secretário-geral do Ministério da Saúde, quando o Partido Progressistas comandava a pasta, é irmão do deputado estadual Léo Loureiro (MDB).

Ou seja: Loureiro tem sua base eleitoral com ações na área da saúde e para pessoas com deficiências. Em 2011, o irmão do deputado foi denunciado, junto a outras seis pessoas, pelo Ministério Público Federal (MPF), numa acusação envolvendo fraude contra o Sistema Único de Saúde (SUS), que incluía exames não realizados colocados até em nome de artistas como Suzana Vieira e Ivete Sangalo, quando era diretor-administrativo do Hospital Sanatório em 2006.

Já Edgar Antunes foi reconduzido – pasmem! – ao cargo de presidente do Veredas, com mandato até 2027, afirmando que sua “recondução, por aclamação, é verdadeiramente uma prova cabal da competência de todos os envolvidos”.

Não é, de fato, o que dizem os funcionários e colaboradores que continuam com medo, aflição e pressionados pela direção do Veredas. O caso já se tornou uma situação drástica que remete ao trabalho precário, a pressão em funcionários e até o atraso de salários constantes.

Triste realidade!

Por fim, a forma incessante dos diretores do Veredas tentar calar jornalistas do Jornal Folha de Alagoas é a maneira baixa de tentar calar toda a imprensa no estado. É uma ação judicial para intimidar jornalistas que, ao longo dos anos, vem pautando suas atuações com coragem, credibilidade, zelo e coragem.

Alagoas não vai e não pode retroceder à época do cabresto e na base da chibatada. A mordaça não cabe mais nos dias atuais! 

“Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”, já escreveu George Orwell.

Blog Kléverson Levy se mantém em defesa da imprensa, do jornalismo e da liberdade de expressão.

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