Alagoanos denunciam à OAB advogada que atacou nordestinos

Por Leonardo Ferreira

Um trio de advogados alagoanos entrou com uma representação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção Uberlândia/MG contra a advogada Flávia Moraes, que aparece em um vídeo fazendo ofensas xenofóbicas à população do Nordeste após o resultado da eleição do último domingo (02).

Marcondes Costa, Fernando Falcão e Pedro Accioly pedem a instauração de processo ético-disciplinar e que sejam aplicadas as penalidades previstas na Lei n° 8.906/94, sobre o estatuto da advocacia. O trio também ingressou com uma ação criminal contra a advogada.

Vestida de verde e amarelo, Flávia afirma: “Nós que geramos empregos, nós que pagamos impostos, vocês sabem o que a gente faz? Nós gastamos o nosso dinheiro lá no Nordeste. Não vamos fazer isso mais. Vamos gastar dinheiro com quem realmente merece. A gente não vai mais alimentar quem vive de migalhas. Vamos gastar nosso dinheiro no Sudeste, no Sul ou fora do país”.

Flávia era vice-presidente da Comissão Mulher Advogada da OAB de Uberlândia e se afastou do cargo após o vídeo viralizar. A subseção veio a público e afirmou que tem caráter plural e apolítico, e que as declarações da advogada não refletem o posicionamento da instituição.

Na representação, os alagoanos citam que a denunciada afirmou, categoricamente, que o povo nordestino depende de ‘migalhas’, movida por um preconceito regional indisfarçável, com a pretensão de menosprezar seus compatriotas e exaltar uma superioridade econômico-financeira que o Sul e o Sudeste teriam em relação ao Nordeste.

“Segundo seu raciocínio preconceituoso, como o povo nordestino não deu preferência a seu candidato à Presidência da República, não seríamos merecedores dos recursos financeiros que os sulistas e sudestinos gastam por estes lados”, dizem os advogados alagoanos.

Os alagoanos ainda acrescentam que as declarações envergonham toda a advocacia brasileira, que não compactua com atitudes desrespeitosas e preconceituosas. Por isso, cobram apuração e punição diante da violação evidente de deveres de civilidade e de exigências ético-profissionais da classe.

“Não há de se duvidar de que o advogado é um formador de opinião! Suas declarações, principalmente quando tornadas públicas, têm o poder de influenciar outras pessoas que veem no profissional da advocacia alguém capaz de compreender as leis e de defender os direitos do cidadão”, reforça o grupo.

Em nota, o presidente da OAB Alagoas, Vagner Paes, e os demais presidentes das seccionais pelo país repudiaram as manifestações xenófobas contra nordestinos pós-eleição. “É inadmissível, nos dias de hoje, convivermos com manifestações que buscam agredir e diminuir a importância de brasileiros e brasileiras que exercem sua cidadania”, diz o comunicado.

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