Smile descredencia clínicas especializadas e prejudica crianças autistas

Pais promoveram protesto contra o plano de saúde e entraram com ação judicial, mas parece que nada comove

Protesto de pais e mães em março. Cortesia/Arquivo

Da Redação

Mães e pais de crianças com transtorno do espectro autista (TEA) atendidas pelo plano Smile Saúde, em Maceió, estão revoltados com a operadora após o descredenciamento unilateral, agora no mês de março, de clínicas especializadas, em particular a Clínica Envolver, referência na área. Eles cobram o retorno dos serviços para que seus filhos sejam devidamente assistidos.

Ao todo, cerca de 200 crianças autistas têm a Smile como plano de saúde. Os familiares esperavam que o acompanhamento na Envolver continuasse por tempo indeterminado, já que o tratamento ocorre nela há anos. Ou ao menos que o plano ofertasse uma clínica com padrões semelhantes e profissionais qualificados. Contudo, nenhum dos cenários aconteceu.

Desde então, o atendimento passou a ser centralizado numa unidade inaugurada pela Smile. Porém, segundo os pais, essa não tem profissionais especializados como as descredenciadas, assim como a estrutura física está aquém das expectativas, com obras ainda inacabadas, a exemplo da sala de fisioterapia, ocupada por materiais de construção.

Esta semana, houve um protesto por parte dos responsáveis pelas crianças, em frente ao edifício Delman, na Pajuçara, mas a Smile barrou a entrada e não quis ouvir as reinvindicações. “Uma clínica sem estrutura, sem profissionais, sem banheiro, sem a menor capacidade de receber as nossas crianças”, contou Aline Bulhões, mãe de uma das crianças prejudicadas pelo corte da Smile.

Ela relata que seu filho está há 15 dias sem receber o devido acompanhamento. Aline acrescenta que soube em janeiro, através da clínica e não da Smile, que haveria o descredenciamento a partir de março. Por isso, procurou, junto aos outros pais, visitar a nova unidade para conhecer a estrutura.

“Até as certificações não estão nos passando, então quer dizer que eles não têm profissionais capacitados e estão até escondendo de nós, mães, porque a gente que luta há mais de cinco anos com nossos filhos, a gente já tem certo conhecimento sobre os métodos”, explicou Aline, a qual acredita que a motivação se dá pela redução de custos por parte da operadora.

“Não tem a mínima condição para atender. Em questão de horário, a recomendação médica é de tratamento de 20 horas semanais, então todos os dias deveria ter, mas tem mãe que chega às 8h, mas às 9h já está indo embora por falta de profissional”, completou ela, indignada com a insensibilidade da Smile.

Decisão judicial

Sem alternativas, pais se viram obrigados a buscar a Justiça. Na semana passada, o desembargador Orlando Rocha Filho determinou, em tutela antecipada, que a Smile continue a arcar com o tratamento na Clínica Envolver, até que fique comprovado que a nova clínica indicada pela operadora possua a qualidade técnica adequada para o atendimento.

O prazo para cumprimento dado pelo magistrado foi de cinco dias, sob pena diária de R$ 1 mil, com limite de R$ 30 mil. De acordo com os pais, porém, a Smile ainda não cumpriu a decisão judicial, ou seja, as crianças continuam sendo prejudicadas.

Sem resposta

A reportagem da Folha de Alagoas entrou em contato com a equipe de comunicação e marketing da Smile. Até o fechamento da matéria, no entanto, não obteve resposta quanto aos questionamentos.

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