Leonardo Ferreira
A demora na assistência municipal está deixando cadeirantes e acamados à mercê da própria sorte na cidade de São Luís do Quitunde, interior alagoano. Desde o início do ano, a Secretaria de Saúde só repassou um mês do kit que destina fraldas descartáveis, sondas de alívio, esparadrapos, gazes e outros objetos de uso pessoal. A denúncia é de alguns dos beneficiados.
Sem o suporte público, cadeirantes e acamados, bem como seus familiares, que já passam por tantas provações, estão se virando como podem para adquirir os itens necessários para o dia a dia. Até agora, só receberam o kit referente à janeiro, isso porque estão implorando frequentemente aos gestores municipais.
São dezenas de prejudicados. Alguns, inclusive, tiveram que entrar com processos judiciais na tentativa de conseguir os itens, contando com o apoio da Promotoria de Justiça. Mesmo assim, os atrasos permanecem com constância.
A Folha ouviu três pessoas que relataram o sofrimento com a ausência de auxílio municipal. A pedido, os nomes foram preservados. A primeira pessoa ouvida conta que o cenário ruim piorou de vez com a mudança no comando da Secretaria de Saúde, na transição de 2022 para 2023.
Segundo ela, sempre há uma desculpa, seja sobre a falta do repasse do Governo do Estado ou que a Prefeitura está fazendo levantamento de preços para adquirir os itens. Alguns dos penalizados também buscaram apoio na Câmara de Vereadores, mas pouca coisa avançou.
“Recebemos no dia 19 de maio as fraldas descartáveis que eram de janeiro de 2023. Já estamos em junho e seguem em atraso fevereiro, março, abril e maio. Só recebemos desculpas. A verdade é que a gestão está péssima”, disse.
Outra pessoa também relatou a árdua jornada pelos kits. “Isso vem desde o ano passado. Sempre atrasa três ou quatro meses e depois dá um mês. Até agora, não recebi mais”, disse.
“Sempre vou ao fórum avisar o promotor da situação, já levei a ordem lá para a secretaria, mas mesmo assim não entregam, não se importam. Tem muita gente precisando desses materiais, que são caros e de extrema necessidade”, desabafou.
Outro lado
A reportagem conseguiu falar com o secretário municipal de Saúde, Fábio José Monteiro de Souza. O gestor negou a informação de que há cinco meses de atraso no fornecimento de fraldas. Explicou que a pasta já repassou três meses e mais um será concluído até a próxima semana.
Também acrescentou que está recebendo as intimações e providenciando as fraldas e demais itens, pois não existe verba exclusiva para isso ou recursos recebidos da União ou Estado. É a partir de dinheiro próprio municipal que os objetos são comprados. Ao todo, 84 pessoas são contempladas, entre cadeirantes, acamados, crianças com deficiência, etc.
