Redação*
Em ação inédita, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgou, neste mês, os dados do novo módulo de Pessoas com Deficiência (PcDs). Acima da média nacional (8,9%), Alagoas é o quarto estado do país em número de pessoas com deficiência, totalizando 10,5% da amostra analisada.
Dentre os quase 3,3 milhões de entrevistados em Alagoas, 345 mil informaram ter algum tipo de deficiência. Entre estes, 108 mil residem na capital Maceió. As mulheres representam a maioria do contingente de PcDs (59,9% em AL e 60,6% em Maceió), confirmando a tendência a nível nacional.
A região Nordeste apresenta o maior contingente de PcDs do Brasil, com média de 10,3% da população. Os estados líderes são Sergipe (12,1%), Ceará (10,9%) e Piauí (10,8%).
Em relação à cor ou raça, a maior parte dos PcDs residentes no estado se identificou como preta (11,8%), seguida por brancos (10,7%) e pardos (10,3%). A maior parte das pessoas com deficiência possui 60 anos ou mais (40%) contra 19,13% entre crianças e jovens de 2 a 29 anos.
Dificuldade de locomoção
Dentre as dificuldades funcionais elencadas, a dificuldade para andar ou subir degraus foi destaque tanto entre os PcDs alagoanos (4%) quanto na média nacional (3,4%). Em seguida, destacam-se a dificuldade para enxergar, mesmo com óculos ou lente de contato (3,5%) e a dificuldade para levantar uma garrafa com dois litros de água da altura da cintura até a altura dos olhos (3,5%).
Mais de 39% dos entrevistados afirmou sofrer com duas ou mais dificuldades funcionais. As disparidades entre os gêneros masculino e feminino se acentuam nos quesitos relativos às dificuldades de locomoção, visão, levantamento de objetos e concentração, que são predominantes entre as mulheres.
Maior taxa de analfabetismo entre as pessoas com deficiência
Tanto entre os mais jovens quanto entre os mais velhos, Alagoas lidera os índices de analfabetismo em todo o país. O percentual do estado é de 14,9% de analfabetos entre as pessoas com deficiência com 15 anos ou mais, bem acima da média nacional de 5,7%. Contudo, os índices relativos à capital Maceió são sensivelmente menores, com 7,8% de analfabetos com 15 anos ou mais, apontando para a prevalência de analfabetismo nas áreas do interior alagoano.
Já em relação à população idosa, AL conta com 39% de PcDs analfabetos entre 60 anos ou mais, o que representa um contingente para além do dobro da média nacional (15,9%). Os números da região metropolitana de Maceió são menores e orbitam em torno de 21,8%.
Os números da PNAD relativos ao terceiro trimestre de 2022 apontam que em AL 74,7% das pessoas com deficiência na idade de 25 anos ou mais não possui qualquer nível de instrução ou não concluiu o ensino básico. Tal porcentagem é mais de dez pontos percentuais maior do que a média nacional (63,3%) e é ligeiramente menor apenas que o percentual atingido pelo Piauí (74,9%).
Em Maceió, os números ficam abaixo da média nacional, com 63,1% de pessoas com deficiência sem instrução ou ensino fundamental completo. Um dado que chama a atenção é a disparidade na região metropolitana entre os PcD e as pessoas que não possuem qualquer dificuldade funcional. Quando se trata das pessoas sem deficiência, o percentual dos que tem 25 anos ou mais e não possui instrução ou deixou de concluir o ensino básico cai por mais da metade (30,6%). A presença da deficiência, portanto, surge como um fator relevante no acesso à escolarização.
No Brasil, 7% dos PcDs com 25 anos ou mais entrevistados durante a pesquisa conseguiram concluir o nível superior. Entre as pessoas sem deficiência, o índice sobe até 20,9%. Alagoas apresenta baixa de dois pontos percentuais em relação à média nacional, com 5% de PcDs com graduação completa e 14% de pessoas sem deficiência que concluíram o ensino superior. Na região metropolitana de Maceió, os índices são de 7,6% e 18,2%, respectivamente.
*com Ascom IBGE
