Advogada de jornalista presa deixa comissão da OAB após relatório ‘raso’

Advogada Alessandra Wegermann (esquerda) faz a defesa da jornalista Maria Aparecida (direita). Reprodução

Redação

A advogada Alessandra Wegermann, que compõe a defesa da jornalista Maria Aparecida, presa na última sexta-feira (21), pediu desligamento da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), após chamar de rasa a apuração sobre suposta agressão sofrida pela jornalista no sistema prisional.

Em vídeo, a advogada diz que está indignada com os fatos do último fim de semana. No caso, Maria Aparecida reclamou de ter sofrido um tapa no rosto, situação negada pelo Estado. A OAB, então, mandou a comissão averiguar a denúncia e não constatou qualquer marca de lesão.

Os membros da comissão encontraram Maria Aparecida tomando banho de sol, lendo um livro, em uma cela com ar-condicionado, sozinha, em condições salubres de habitação. Foi constatado apenas um leve inchaço sem vermelhidão em seus pulsos devido ao provável uso das algemas.

“A comissão entrevistou a outra reeducanda que supostamente teria presenciado os fatos e sofrido agressões. A reeducanda, apresentando semblante calmo, mencionou que não houve qualquer prática de agressão contra a denunciante ou contra ela. Também não foi constatada qualquer marca de rubor ou lesão.”

Para Alessandra Wegermann, o relatório romantiza o sistema prisional alagoano. “De uma forma extremamente sucinta e rasa, coloca o Estado em papel de ascendência e as palavras da presa em xeque, como se ela tivesse proferido mentiras, numa apuração rápida e em conclusões precipitadas”.

“Enquanto defesa, continuarei aqui com os direitos humanos, mas agora não mais na comissão, porque não é esse o trabalho que acredito, não é esse o papel da comissão, de descredibilizar aquela pessoa idosa, presa, mulher, que está em condições de hipossuficiência dentro do cárcere”, completou.

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