O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, assumiu o erro por ter marcado a reunião em que esteve presente Luciane Barbosa (na foto em destaque, de blusa branca e calça preta, ao lado do secretário), esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, traficante e líder do Comando Vermelho (CV) no Amazonas.
“Quero lamentar esse episódio. Se teve algum erro, esse erro foi da minha parte, de não ter feito uma verificação mais profunda das pessoas que vou receber, procedimento que provavelmente a gente deve adotar daqui em diante”, explicou Elias, em coletiva nesta segunda-feira (13/11).
O caso foi revelado por uma reportagem do Estadão. Luciane esteve em reuniões no Palácio da Justiça, em Brasília, em duas ocasiões. Além de ter se encontrado com Elias Vaz, ela se reuniu com o secretário Nacional de Políticas Penais, Rafael Velasco.
Clemilson dos Santos, o Tio Patinhas, está preso por tráfico de drogas e por comandar a facção carioca no Amazonas. Luciane foi investigada por envolvimento com o CV e foi condenada por lavar dinheiro para a organização criminosa.
Bronca após denúncia
Logo no começo da manhã, após a divulgação do caso na imprensa, o ministro da Justiça, Flávio Dino, deu uma bronca, por telefone, em Vaz.
“Ele (Dino) não ficou satisfeito. Ele, sempre gentil como é, me chamou a atenção, disse que eu deveria tomar mais cuidado com as pessoas que recebo. Falo isso de forma pública. A partir de agora, tenho que tomar mais cautela”, disse o secretário.
Dino e Rafael Velasco não falaram sobre o caso diretamente com a imprensa e se pronunciaram por nota e pelas redes sociais. Apenas Elias Vaz foi demandado para uma explicação pública e um pedido de desculpas.
Ainda nesta terça, o Ministério da Justiça deve soltar uma portaria com novas regras para o ingresso de visitantes ao Palácio da Justiça. Atualmente, os secretários têm autonomia para receber pessoas para reuniões e não há uma checagem de segurança sobre cada convidado.
Explicação
De acordo com Elias Vaz, inicialmente, uma reunião foi marcada pela ex-deputada estadual Janira Rocha (PSol) para receber mães que tiveram os filhos assassinados e lutam por justiça.
No entanto, Luciene Barbosa se juntou ao grupo de mulheres e se apresentou como a representante de uma organização que reivindica por melhorias no sistema prisional amazonense.
Diante disso, Elias Vaz teria entrado em contato com Rafael Velasco para que uma nova reunião fosse marcada com a área de Políticas Penais. O secretário de Assuntos Legislativos garantiu que não sabia sobre as relações de Luciene e que o assunto da reunião não teve relação com o grupo criminoso.
/Metrópoles