Presidente de cooperativa é acusado de perseguição política em Piaçabuçu

Reprodução

Leonardo Ferreira

Antonino Cardozo, presidente da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e da Economia Solidária de Alagoas (Unicafes/AL), está sendo questionado por sua conduta intransigente contra cooperados que não estão alinhados politicamente com ele e seu grupo.

Também presidente da Cooperativa Coopaíba, Antonino Cardozo é pré-candidato pelo PSB a prefeito de Piaçabuçu, município do litoral sul alagoano, tendo o aval do grupo do governador Paulo Dantas (MDB). Ele vem intensificando suas ações políticas este ano, por meio das redes sociais e em eventos.

Com discursos efusivos, Antonino tem aproveitado as oportunidades com os cooperados para se promover, porém, do outro lado, para constranger quem não está a favor da sua campanha, segundo relatos que chegaram a esta reportagem.

O mais recente exemplo disso foi o evento que aconteceu na segunda-feira (29/04), data em que deveria discutir assuntos pertinentes, mas serviu para se autovalorizar, bem como criticar alguns cooperados nominalmente em meio ao público, conforme vídeo que circula nas redes sociais.

Relatos

A Folha procurou os dois cooperados citados no discurso, que foram alvo de vaias a pedido de Antonino: Igor Andrade e Thayná Lima. Igor afirma que tudo começou porque ele e mais alguns cooperados não pretendem votar em Antonino na eleição municipal deste ano.

“Todo mês tem uma atividade para os cooperados da Coopaíba. E, no sábado [27], recebi a mensagem, no grupo que está todo mundo, do evento na segunda [29], e eu e a Thayná fomos, mas lá, disseram que só poderia assinar a lista no final. Até aí tudo bem, porque somos cooperados e ficamos até o fim.”

“E gravamos as falas do Antonino porque é o direito de qualquer pessoa. Quando as meninas terminaram de discursar, ele começou a citar nossos nomes e pediu vaia para a gente. A gente levou mais de quatro vaias só no início, sendo que tinham outras pessoas de outros partidos, mas ele quis nos humilhar perante a sociedade”, completa Igor.

Já Thayná relata que foi ao evento porque recebeu o convite, pois é cooperada, já tendo sido, inclusive, agente de desenvolvimento na Coopaíba. “Chegando lá ficamos ouvindo e gravei algumas pessoas discursando, acho que isso incomodou o Antonino porque eu e Igor não votamos nele”.

“Ele fez o primeiro discurso e o restante da mesa fez também, no final da fala, ele pega o microfone novamente e começa a agredir com palavras o candidato no qual eu voto, como provam os vídeos, e em seguida pediu para nos vaiar!”, acrescenta ela.

“Recebemos ali mais de quatro vaias, na hora ficamos sem reação, sem entender na verdade. Mesmo assim, ficamos até o final do evento e assinamos a lista de frequência. Acho que minha ficha sobre o que aconteceu só veio cair no outro dia”, finaliza Thayná.

No vídeo ao qual a Folha teve acesso, Antonino induz que Igor e Thayná estariam a mando de outro postulante a prefeito de Piaçabuçu, por isso, estavam gravando com o celular. “Thayná, Igor, filmaram? Aproveitem e mostrem a ele. E vou pedir mais uma coisa: quando encontrarem com ele, deem este recado a ele: faça igual ao Antonino, continue trabalhando pelo seu povo”.

A atitude de Antonino foi rechaçada por outros cooperados que se indignaram com a intolerância e a pressão política, prestando solidariedade a Igor e Thayná, vítimas de constrangimento público, e isso antes mesmo do início da campanha eleitoral.

“A pergunta que fica: todo cooperado é obrigado a concordar com o projeto político partidário de seu líder? A Coopaíba não deveria ser uma associação apartidária? Aparentemente, não”, questiona o texto.

A Folha buscou contato com Antonino através do telefone com final 21, mas não conseguiu até o fechamento da matéria. O espaço na reportagem está aberto em caso de futuro posicionamento.

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