Ministério dos Direitos Humanos vai averiguar crimes cometidos pela Braskem, em Maceió

Romison Florentino

O defensor público Ricardo Melro usou as redes sociais nesta terça-feira (12) para informar que a situação das vítimas do caso Braskem, em Maceió, foi encaminhada ao Ministério dos Direitos Humanos, do Governo Federal, que prometeu realizar uma missão in loco ainda em agosto deste ano, a fim de promover a escuta da população atingida. Ainda não há uma data definida.

Em um vídeo encaminhado à reportagem da Folha de Alagoas, o defensor informou que, desde junho deste ano, foi enviado um ofício ao Ministério dos Direitos Humanos pedindo apoio para trazer o Serviço Geológico do Brasil para Maceió, mas que, até então, houve recusas sem justificativas plausíveis.

“Fizemos juntar no ofício alguns links com os vídeos das inspeções em campo, do Bom Parto, do Farol, do Pinheiro, dos Flexais, mostrando um drama imenso na saúde dessas pessoas, principalmente na saúde mental, com as casas rachando, o chão afundando, as paredes trincando, e sempre aquela mesma ladainha de que isso não tem nada a ver com os problemas, quando hoje a gente já sabe que tem, sim”, disse o defensor.

Com a visita do SGB a Maceió, há uma expectativa, segundo o defensor, de que haja um posicionamento direto do Governo Federal para que se chegue a uma resolução definitiva, assim como ocorreu com as comunidades de Brumadinho e Mariana, que foram afetadas pelo rompimento de barragens de mineração no Estado de Minas Gerais.

“É muito importante este momento para a comunidade, porque o Governo Federal precisa entrar de uma vez por todas para ter uma solução definitiva, assim como ocorreu lá em Brumadinho e Mariana, no ano passado, quando houve o acordo definitivo. Então, é um momento ímpar e a população, uma vez marcado esse dia – que ainda não foi definido -, deve se fazer presente em massa e relatar o que está passando”, disse.

ESTUDO INDEPENDENTE

Na última sexta-feira (8), ocorreu uma audiência pública para apresentação de um novo estudo técnico-científico sobre o afundamento de bairros causado pela mineradora Braskem, em decorrência da extração de sal-gema, em Maceió.

Em entrevista à Folha de Alagoas, o defensor público Ricardo Melro desabafou durante a abertura do evento, afirmando que “ciência não tem lado”. O documento, elaborado de forma independente por cientistas brasileiros e estrangeiros, sugere a revisão, por parte da própria Braskem, do mapa das áreas atingidas pela mineração.

“É um grupo independente. Ele não está aqui nem para fazer o que eu e a população desejamos, nem para atender aos interesses da Braskem, da Defesa Civil ou de quem quer que seja. Não está aqui para agradar nem a A nem a B, porque a ciência não tem lado”, afirmou.

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