Brasil rejeita pedido da ONU para subsidiar delegações na COP30

crédito: Roni Moreira/Ag Pará

Representantes do governo brasileiro e da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram, nesta sexta-feira (22), para discutir a crise de hospedagens em torno da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), marcada para novembro em Belém (PA). Durante o encontro, o Brasil rejeitou a proposta apresentada pela ONU de conceder subsídios diretos para custear a participação de países menos desenvolvidos.

A sugestão foi formalizada em carta enviada pela entidade ao governo brasileiro na quinta-feira (21). O documento pedia que fosse garantido um valor de US$ 100 por dia para delegações de países menos desenvolvidos e insulares, além de outra faixa de apoio financeiro para países desenvolvidos. A resposta do Brasil foi negativa. “Não cabe aos brasileiros arcarem com as delegações de outros países”, afirmou a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

Segundo Miriam, o governo brasileiro já tem arcado com “custos significativos” para viabilizar a conferência. Ela ressaltou, contudo, que o país apoia a iniciativa de revisão dos valores repassados pela própria ONU para subsídio de hospedagens. Hoje, a diária estabelecida para Belém é de US$ 149, enquanto em outras cidades, como São Paulo, o valor chega a US$ 250. “O Brasil não tem condição de assumir esse papel, mas apoiamos o aumento do auxílio da ONU”, declarou.

O impasse acontece em meio a críticas de organizações e delegações internacionais sobre a alta no preço das hospedagens em Belém. Segundo relatos, em alguns casos as diárias estão até dez vezes acima do valor habitual, o que já gera ameaça de esvaziamento da conferência por parte de alguns países.

O Observatório do Clima chegou a alertar que a COP30 corre o risco de ser a mais excludente da história.
Apesar das queixas, o governo brasileiro reiterou que não há possibilidade de alterar a sede do evento. “A cidade já tem contratos firmados, navios contratados, obras em andamento e espaços comercializados. A COP será em Belém”, reforçou Miriam. A estratégia oficial, segundo ela, será buscar soluções alternativas que não envolvam recursos públicos para minimizar os custos das delegações estrangeiras.

O secretário extraordinário para a COP, Valter Correia, informou que 47 países já confirmaram participação com reservas garantidas para novembro. A expectativa do governo é que os ajustes nas políticas de apoio da ONU evitem desistências e garantam a presença de um número expressivo de representantes internacionais na conferência.

 

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