Sindjornal e Governo de Alagoas repudiam ataques à imprensa

Redação

O Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Governo de Alagoas repudiaram, nesta segunda-feira (17), declarações feitas pelo coronel da reserva do Exército Márcio Saldanha Walker durante um curso promovido pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).

As falas, consideradas agressivas e intimidatórias, associaram reportagens de veículos locais, como Mídia Caeté, Extra Alagoas e G1, à suposta “propaganda a favor do crime”, provocando forte reação das entidades de defesa da liberdade de imprensa.

As críticas ocorreram na última sexta-feira, durante o Curso Básico de Operações Psicológicas da SSP. Na ocasião, Walker exibiu reportagens produzidas em Alagoas como se representassem barreiras ao trabalho policial, além de afirmar que a inteligência da SSP deveria “chamar o repórter”, “explorar a vida” de profissionais e identificar jornalistas que publicassem conteúdos que ele considerava inadequados.

Para as entidades, a fala se aproxima de uma tentativa de criminalização do jornalismo e levanta o alerta sobre riscos institucionais.

Em nota conjunta, o Sindjornal e a Fenaj classificaram as declarações como uma ameaça direta à integridade física, moral e familiar dos profissionais da imprensa, já que sugeririam até a criação de dossiês contra repórteres.

O texto afirma que a postura do coronel representa uma “grave ameaça ao estado democrático de direito” e lembra práticas de perseguição e censura implementadas durante a ditadura militar. As entidades ainda reforçam que jornalistas “seguem a premissa básica da profissão: ouvir todos os lados e prestar contas à sociedade”.

A redação do jornal Extra Alagoas também se manifestou e repudiou o episódio. Segundo o veículo, os ataques ocorreram sem provocação e fora de contexto, atingindo profissionais do jornal impresso, do site e das redes sociais.

A nota relata que Walker chegou a relacionar a imprensa à atuação de organizações criminosas e defendeu que forças policiais deveriam coibir reportagens e determinar quais palavras poderiam ou não ser usadas pela mídia. Para o Extra, o discurso do palestrante é “ofensivo e antidemocrático”.

O Governo de Alagoas, por meio das secretarias estaduais da Comunicação e da Segurança Pública, também lamentou as declarações. Em nota oficial, o Estado destacou que a fala não representa a posição da gestão e reafirmou seu compromisso com a liberdade de imprensa e com a valorização do jornalismo.

O governo lembrou ações recentes voltadas ao fortalecimento da comunicação profissional, como a reativação do Conselho de Comunicação Social, a criação do Núcleo de Integridade da Informação e a equiparação salarial dos assessores de comunicação ao piso da categoria.

“Repudiamos o teor da declaração, ao tempo em que manifestamos nosso reconhecimento ao trabalho sério da Mídia Caeté, do Extra Alagoas e de toda a imprensa alagoana”, afirma o texto.

Para o Sindjornal, o episódio revela um ambiente de preocupação e exige resposta firme da sociedade e das instituições. A nota lembra que ataques à imprensa fragilizam a democracia e prejudicam inclusive a atuação das próprias forças de segurança.

“Jornalistas e policiais são aliados da sociedade”, diz o documento, destacando que o combate à violência e às desigualdades depende de atuação livre, ética e responsável de ambos os setores.

LEIA A NOTA DE REPÚDIO NA ÍNTEGRA:

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