Redação
Documentos médicos confirmam que o general Augusto Heleno, condenado a 21 anos de prisão por participação na trama golpista, recebeu diagnóstico de Alzheimer. Os laudos mostram que a doença foi identificada há pelo menos um ano, antes mesmo do início do processo no Supremo Tribunal Federal. As informações foram confirmadas pelo Correio Braziliense.
O material reúne exames, testes cognitivos e uma avaliação detalhada do estado de saúde do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional no governo Jair Bolsonaro. Essas informações devem fundamentar o pedido da defesa para progressão ao regime domiciliar.
Heleno e o general Paulo Sérgio Nogueira foram presos na terça-feira, 25 de novembro, e encaminhados ao Comando Militar do Planalto após a ação penal transitar em julgado, encerrando qualquer possibilidade de recurso. Nesta quinta-feira, 26, ambos participam de audiência de custódia, na qual será analisada a legalidade da prisão. A expectativa é que o ministro Alexandre de Moraes avalie os laudos médicos anexados ao caso.
Segundo os documentos, o diagnóstico começou a ser investigado em 2022. Heleno foi submetido a biomarcadores do líquor, utilizados para detectar doenças neurológicas. Também fez ressonância magnética, que registrou atrofia e pequenos derrames cerebrais, além de uma avaliação neuropsicológica que confirmou Alzheimer em estágio inicial.
A evolução recente do quadro mostra progressão dos sintomas. Os laudos descrevem consultas periódicas, medicamentos usados e vários testes aplicados. Entre as queixas relatadas estão dificuldades para lembrar nomes e datas, repetição de perguntas e perda da capacidade crítica. O teste MoCA, Avaliação Cognitiva de Montreal, apontou prejuízos em áreas como memória, linguagem e orientação.
Do ponto de vista funcional, os médicos afirmam que o general não consegue administrar seus próprios remédios, não fixa conversas recentes, apresenta dificuldades para aprender novas tarefas e depende de supervisão para atividades básicas de higiene. Os laudos também registram dores crônicas decorrentes de artrose na coluna e na lombar, além de deformidades que limitam seus movimentos.
Os profissionais classificam como preocupante a limitação cognitiva atual, ainda que o Alzheimer evolua de forma lenta e gradual. A avaliação técnica aponta que o isolamento no cárcere pode agravar o quadro. Entre os materiais anexados há vídeos dos testes realizados. Em um deles, Heleno é orientado a calcular um troco simples, mas não consegue completar a tarefa.
