Redação*
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que as negociações para retirar as sobretaxas aplicadas a produtos brasileiros avancem com mais rapidez. O pedido foi feito durante uma conversa telefônica de 40 minutos nesta terça-feira, 2 de dezembro, que o Palácio do Planalto classificou como “muito produtiva”.
Apesar da retirada recente de 238 itens da lista tarifária norte-americana, ainda há uma parcela relevante de exportações brasileiras sujeita à alíquota extra de 40 por cento. Segundo o governo, 22 por cento das vendas do Brasil para os Estados Unidos continuam tarifadas. No início da política adotada pela Casa Branca, esse percentual era de 36 por cento.
Lula elogiou a decisão de Washington de excluir café, frutas tropicais, sucos, cacau, especiarias, banana, tomate, carne bovina e outros produtos das cobranças adicionais, mas reforçou que o assunto não está resolvido. Ele afirmou que “ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países e que o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações”.
A sobretaxa adicional de 40 por cento, ainda em vigor, foi imposta em agosto como parte da política comercial de Trump de elevar tarifas para recuperar competitividade frente à China. A medida também foi apresentada como resposta a decisões brasileiras que, segundo o governo americano, atingiriam big techs dos Estados Unidos, além de uma retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.
As recentes flexibilizações do tarifaço foram influenciadas por encontros e conversas entre Trump e Lula ao longo do ano, incluindo uma reunião na Malásia, em outubro, e diálogos que mobilizaram equipes técnicas dos dois países. O governo brasileiro agora tenta avançar especialmente na área industrial, que segue mais prejudicada pelas tarifas e tem dificuldade de redirecionar suas exportações para outros mercados.
Além das discussões comerciais, Lula dedicou parte da conversa ao tema do crime organizado internacional. O presidente destacou que operações recentes do governo brasileiro, que buscam “asfixiar financeiramente” facções criminosas, têm revelado ramificações que operam fora do país. Ele reforçou a importância de cooperação direta com os Estados Unidos para ampliar o combate.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia apontado a necessidade desse diálogo ao denunciar o uso do estado de Delaware como rota de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Em uma das investigações citadas pela pasta, cerca de 1,2 bilhão de reais foram enviados ilegalmente para fundos sediados no estado norte-americano.
Segundo o Planalto, Trump demonstrou disposição para fortalecer essa parceria. “O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas”, diz o comunicado.
A nota informa ainda que Lula e Trump pretendem voltar a conversar em breve para acompanhar o andamento das negociações comerciais e das ações de cooperação na área de segurança.
Com Agência Brasil*
