Dez servidores da Sesau são afastados após operação da Polícia Federal em Alagoas

Redação

Dez servidores da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) foram afastados temporariamente de suas funções nesta sexta-feira (19), em meio aos desdobramentos de uma operação da Polícia Federal que investiga um suposto esquema de irregularidades milionárias na área da saúde. A apuração envolve suspeitas de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.

Entre as medidas determinadas pela Justiça está o afastamento do então secretário de Saúde, Gustavo Pontes, que teve a suspensão do exercício da função pública decretada por 180 dias. A decisão foi expedida pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). Após a publicação do ato no Diário Oficial do Estado, o secretário interino da pasta, Emanuel Victor, formalizou o afastamento de outros dez servidores pelo mesmo período.

As medidas fazem parte da Operação Estágio IV, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira (16), com foco no combate a crimes de corrupção, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro no setor da saúde em Alagoas. Ao todo, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão, além da aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão, todas autorizadas pelo TRF-5.

A ação mobilizou cerca de 170 policiais federais e 26 auditores e ocorreu em Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal. A operação contou ainda com o apoio da Controladoria-Geral da União, da Receita Federal e do Departamento Nacional de Auditoria do SUS.

Segundo a Polícia Federal, entre 2023 e 2025, a Sesau firmou contratos emergenciais com duas empresas, uma do setor de fornecimento de materiais hospitalares e outra da construção civil, que teriam sido utilizadas para beneficiar o grupo investigado. Esses contratos resultaram em pagamentos considerados indevidos, que podem chegar a R$ 100 milhões, parte deles ainda em execução no momento da operação.

As investigações também apontam para o desvio de recursos do Sistema Único de Saúde por meio de ressarcimentos superdimensionados de consultas e procedimentos médicos que, segundo a PF, não teriam sido realizados. Apenas nesse eixo, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 18 milhões. Um dos casos citados envolve pagamentos por sessões de fisioterapia incompatíveis com a capacidade operacional de uma clínica privada.

De acordo com o inquérito, os valores desviados eram pulverizados por meio de transferências bancárias, saques em espécie e pagamentos indiretos, configurando um esquema estruturado de corrupção e ocultação patrimonial. Parte do dinheiro teria sido usada na compra de imóveis registrados em nome de terceiros, incluindo uma pousada em Porto de Pedras avaliada em R$ 5,7 milhões, além do custeio de viagens internacionais e despesas pessoais.

Durante o cumprimento dos mandados, a Polícia Federal apreendeu grandes quantias em dinheiro em espécie, em reais e moeda estrangeira, além de duas armas de fogo. O nome da operação faz referência ao estágio terminal de alguns tipos de câncer, em alusão aos impactos graves das práticas investigadas sobre o sistema público de saúde.

Em nota, o Governo de Alagoas informou que foi oficialmente comunicado sobre a operação da Polícia Federal envolvendo a Sesau. Segundo o comunicado, o governador Paulo Dantas determinou o cumprimento imediato da decisão judicial que afastou o secretário de Saúde pelo período de 180 dias.

O governo também anunciou a criação de uma comissão especial, formada pelo secretário-chefe do Gabinete Civil, pela Controladoria-Geral do Estado e pela Procuradoria-Geral do Estado. O grupo ficará responsável por acompanhar os desdobramentos da investigação, colaborar com os órgãos de controle e prestar as informações solicitadas pelas autoridades competentes.

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