Suspensões de integrantes do PSL devem agravar crise entre partido e governo

A crise entre o PSL e o governo Jair Bolsonaro deve ganhar proporções ainda maiores na semana que vem, quando deverão ser anunciadas as suspensões de parlamentares que se indispuseram com o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), e seus aliados durante as crises recentes.

Na avaliação de integrantes do PSL ouvidos pelo blog, pelo menos uma dezena de parlamentares deverá ser afastada das funções partidárias.

O estatuto do PSL prevê que o parlamentar poderá ser punido com suspensão de todas as atividades na legenda, incluindo funções legislativas que são de designação do partido, como participação em comissões e lideranças.

Um dos casos analisados será o do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), responsável pela gravação clandestina da reunião de parlamentares da legenda coordenada pelo deputado Delegado Waldir (PSL-GO).

Outro exemplo é dos parlamentares Alê Silva (MG) e Bibo Nunes (RS), que teriam atacado, nas redes sociais, Luciano Bivar e colegas da legenda.

Outro que poderá ser suspenso na semana que vem é o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), hoje líder do PSL na Câmara. Na avaliação de alguns integrantes do PSL, a crise entre o governo e o partido será ampliada em caso de suspensão de Eduardo, porque ele automaticamente terá de ser afastado da liderança.

“Todos foram notificados, e tiveram um prazo de cinco dias para se defender. Nesta semana o conselho de ética vai estudar cada caso, separadamente, e vai aplicar a punição. Isso só vai acontecer na próxima semana”, garantiu um integrante da executiva nacional do PSL ao blog.

Expulsão
O momento mais conturbado da atual crise do PSL aconteceu durante a chamada “guerra das listas” pela liderança do partido na Câmara. A disputa foi motivada pela crise interna da legenda, que opôs a ala ligada ao presidente Jair Bolsonaro, que defendia Eduardo Bolsonaro como líder, ao grupo ligado a Luciano Bivar, que preferia a permanência de Delegado Waldir como líder.

Os desentendimentos da família Bolsonaro com o PSL, partido que abrigou o presidente nas eleições de 2018, começaram, no entanto, no início de outubro. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro disse a um eleitor para “esquecer” o PSL e afirmou que o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar, estava “queimado”.

Internamente, a suspensão é vista como uma forma de estancar as ações de alguns parlamentares da legenda e encaminhar a definição de algo ainda mais importante: o processo de expulsão ou não de alguns parlamentares. A suspensão é, na avaliação de integrantes da executiva nacional, um pré-requisito para o processo de expulsão.

A família Bolsonaro já anunciou que deixará o PSL e seguirá para um novo partido a ser criado pelo presidente, o Aliança pelo Brasil, que agrupará alguns dissidentes do PSL.

G1/ Blog Matheus Leitão

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