Uma ala do governo defende que o presidente Jair Bolsonaro escolha o novo ministro da Educação fora da sua ala ideológica. Seria mais um gesto de paz na direção do Congresso Nacional e um gesto para reduzir as críticas de pelo menos uma parte da comunidade acadêmica à sua gestão.
Ministros militares e da ala mais pragmática do governo, que têm procurado melhorar o relacionamento do presidente com o Legislativo e o Judiciário, avaliam que a saída de Abraham Weintraub pode ser a oportunidade para Bolsonaro baixar a temperatura da crise política e evitar novas polêmicas na área da educação.
Um interlocutor do presidente da República lembra que não adianta colocar um ministro no estilo de Weintraub, polêmico e com uma agenda avaliada com um retrocesso no setor educacional, porque os projetos acabam barrados dentro do Congresso Nacional.
Como aconteceu com a medida provisória que permitia a intervenção na escolha de reitores de universidades federais, devolvida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para o Palácio do Planalto. E como vem ocorrendo com a tramitação do novo Fundeb, fundo que financia o ensino básico no país, cuja proposta de Weintraub foi recusada.
Bolsonaro pode optar, como no Ministério da Saúde, por deixar um ministro interino até que a poeira baixe e ele tenha mais tranquilidade para escolher um nome definitivo. A ala ideológica, que tinha em Abraham Weintraub um dos seus representantes, pressiona por manter influência na pasta da Educação. E conta com o apoio dos filhos do presidente.
O presidente da República, que antes dava apoio incondicional a Weintraub, acabou ficando contrariado com o ministro da Educação que deixa o governo por dois motivos. Ele começou a atuar como um líder das alas bolsonaristas, num voo solo, sem autorização do presidente. Segundo, estava ameaçando sair criticando o presidente pela entrega de cargos na Educação ao Centrão.
Por enquanto, porém, o presidente tende a escolher alguém alinhado com sua agenda conservadora. Mas a pressão interna pela opção a um novo fora dessa linha cresce. E, neste momento, a avaliação é que o presidente pode ceder porque está na defensiva e precisa melhorar seu relacionamento principalmente com o Congresso.
G1