A possibilidade de não disputar a Copa América é discutida não apenas internamente na seleção brasileira como também com jogadores de outros países sul-americanos.
Desde o início da semana, quando o Brasil foi anunciado como sede do torneio pela Conmebol, atletas da Seleção passaram a tratar do assunto com colegas de outras nacionalidades.
Dos 25 convocados por Tite, 20 atuam no futebol europeu, convivendo com diversos outros jogadores sul-americanos. Mesmo os que defendem clubes brasileiros têm contato frequente com estrangeiros.
Reunidos na Granja Comary, os atletas brasileiros externaram ao técnico Tite e ao coordenador da Seleção, Juninho Paulista, o incômodo por terem descoberto pela imprensa e pelas redes sociais que o País sediará a Copa América. Eles também questionaram sobre a possibilidade de a competição não ser realizada.
A notícia de que o torneio acontecerá no Brasil foi divulgada na segunda-feira, um dia depois de Rogério Caboclo, presidente da CBF, ir à Granja e se encontrar com Tite e os jogadores.
Os atletas pediram para falar com Caboclo novamente, desta vez em clima bem menos cordial, o que aconteceu na última quarta-feira, antes da viagem a Porto Alegre, onde a Seleção enfrenta o Equador nesta sexta-feira, no Beira-Rio, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
Nesta conversa, líderes do elenco questionaram por que o Brasil aceitou receber a competição, enquanto Colômbia e Argentina abriram mão de sediar o torneio.
A CBF reconhece a crise, mas acredita ser possível contornar o problema. O entendimento é de que, apesar da insatisfação dos jogadores, não há risco de boicote à Copa América. O Brasil estreia na competição daqui a nove dias.
Na terça-feira, quando o debate ainda ganhava corpo na seleção brasileira, a FIFPro, organização que representa jogadores profissionais de futebol a nível mundial, publicou um comunicado demonstrando preocupação com a realocação da Copa América para o Brasil, anunciada pela Conmebol na última segunda-feira.
O sindicato destacou o fato de o Brasil lidar com “um número alarmante de casos de Covid-19” e declarou que “apoiaria totalmente qualquer jogador que decidir desistir do torneio por razões de saúde e segurança”.
Nos bastidores, a FIFPro vai além e estimula a não-participação na Copa América, oferecendo respaldo aos atletas insatisfeitos.
Turbulência e silêncio
O debate sobre a Copa América mexeu com a seleção brasileira nos últimos dias. A pedido de Tite, as entrevistas dos jogadores que estavam previstas para segunda e terça-feira foram canceladas.
Na quinta, o treinador falaria com a imprensa às 13h15, mas a entrevista coletiva online só foi começar depois das 20h.
O capitão Casemiro também atenderia aos jornalistas, mas, à pedido dos jogadores, apenas Tite e o auxiliar César Sampaio foram aos microfones.
– Temos uma posição, mas não vamos externar isso agora. Temos uma prioridade agora de jogar bem e ganhar o jogo contra o Equador. Entendemos que depois dessa Data Fifa as situações vão ficar claras – afirmou o treinador.
Assim, uma definição sobre a participação ou não do Brasil na Copa América só deve ser anunciada após terça-feira.
GE
