Incoerência: festas públicas de Réveillon são canceladas, mas particulares mantidas

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Da Redação – Opinião

Após recomendação do Ministério Público, mais de 50 municípios alagoanos já anunciaram, até esta sexta-feira (10), que estão canceladas as festividades públicas de Natal e Réveillon como forma de prevenção à disseminação da Covid-19, especialmente diante do aparecimento da variante Ômicron. Por outro lado, as diversas festas particulares para o fim de ano estão mantidas.

Os boletins epidemiológicos das últimas semanas demonstram que a pandemia em Alagoas se estabilizou, com duas mortes diárias em média, além de números de novas infecções abaixo de 50 casos por dia. A quantidade de internados também está na casa de 50 pessoas. No entanto, por prudência, as prefeituras cancelaram os shows públicos a fim de evitar aglomeração, que inevitavelmente acontecerá nos eventos privados.

Em Maceió, organizadores assinaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) definindo as responsabilidades de se cumprir as normas sanitárias, com respeito ao decreto vigente, a exemplo de disponibilidade de álcool em gel, medição de temperatura, uso de máscara, comprovante de vacina ou teste negativo contra o vírus. Basta ver nas redes sociais, porém, que seguir as recomendações está longe de ser uma prática padrão nas festas, principalmente com o avançar das comemorações e pessoas alcoolizadas.

A incoerência, inclusive, foi citada mais cedo pelo infectologista Fernando Maia. “Não faz sentido proibir festas públicas e manter as festas particulares com a aglomeração. O grande problema para a transmissão da Covid-19 é a aglomeração de pessoas, então, não importa se o evento é público ou privado, gera aglomeração do mesmo jeito”, disse o médico em entrevista ao CadaMinuto.

Ônibus lotados e cruzeiros atracando em Alagoas reforçam que o argumento de não aglomerar é maléavel. É possível perceber também, em comentários na internet, o seguinte ponto: “festa de pobre não pode, mas festa para rico, sim”, uma vez que os eventos particulares de Réveillon possuem preços bem salgados para a média salarial da maioria dos alagoanos.

Enfim, com a comercialização de ingressos a pleno vapor e gastos com a organização, seria difícil pensar num cancelamento das festas particulares, ainda mais no cenário apertado economicamente para o setor de eventos, um dos mais afetados pela pandemia, mas a contradição está evidente. Que tudo ocorra bem e possamos voltar à normalidade o mais breve possível, desta vez englobando todo mundo.

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