Confisco da poupança do Plano Collor completa 32 anos

Foto: FolhaPress

Leonardo Ferreira

No dia 16 de março de 1990 a ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, anunciava o Plano Collor, com o intuito de conter a inflação de 84% ao mês que assolava o Brasil. A medida foi anunciada um dia após a posse de Fernando Collor.

O plano econômico, à época chamado de Brasil Novo, entre várias medidas, ficou conhecido pelo confisco das contas poupanças e correntes dos brasileiros, limitando o saque a 50 mil cruzeiros, com a promessa de devolução dos valores em 1 ano e 6 meses com juros e correção.

“Não temos alternativas. O Brasil não aceita mais derrotas. Agora é vencer ou vencer. Que Deus nos ajude”, essa foi a declaração de Collor em rede nacional.

Durante o anúncio, jornalistas que presenciavam o ato já imaginavam a fúria e a revolta dos brasileiros que guardavam suas economias no banco. E não deu outra.

Aquele dia foi decretado feriado bancário por três dias, porém, no dia 19, milhares correram para tentar sacar o que podiam, consultar saldos, tirar dúvidas com gerentes. Enfim, o caos se alastrou pelo país.

Passados 32 anos do fato, o fracasso do plano se mostrou claro, cuja consequência foi a demissão de Zélia e a posteriori a saída de Collor da presidência no fim de 1992.

O confisco da poupança até hoje tem casos em disputas judiciais. Além disso, os relatos de pessoas que se suicidaram, faleceram ou no mínimo entraram em falência não são poucos e surgem em conversas políticas do dia a dia.

Sonhos interrompidos e famílias destruídas também são lembranças da época, já que muitos pouparam a vida inteira para diversos objetivos e de um dia para o outro tiveram o dinheiro confiscado.

No aniversário de 30 anos, em 2020, o atual senador por Alagoas pediu desculpas pelo confisco.

“Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, disse Collor.

Nada que leve ao perdão daqueles prejudicados, ou que alivie a dor de quem perdeu parentes, seja por infarto, depressão ou tirou a própria vida.

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