Cappelli: “Não tem cabimento” organização cometer crime e resolvê-lo

Secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli comentou a execução de médicos e mortes de suspeitos em “tribunal do crime”

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Redação*

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Cappelli, disse nesta sexta-feira (6) que “não tem cabimento” uma organização criminosa cometer um crime e ela mesma resolver.

Cappelli fez a declaração à GloboNews, horas antes de se encontrar com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para uma reunião sobre a execução a tiros de três médicos na Barra da Tijuca na madrugada dessa quinta-feira (5).

“O Brasil possui leis, possui regras, tem um estado de direito que precisa e será respeitado. Não tem cabimento a gente dizer que organizações criminosas cometem um crime e elas mesmas resolvem esse crime”, ressaltou Cappelli. “(A situação) não é lei da selva e o inquérito vai continuar”.

Tribunal do crime

A Polícia Civil do Rio localizou, no fim da noite dessa quinta, os corpos de quatro suspeitos de executarem os médicos. Segundo investigadores, o próprio Comando Vermelho (CV) teria determinado a eliminação dos executores após um “tribunal do crime”.

Dois dos quatro corpos suspeitos pela execução dos médico foram identificados. Os corpos seriam de Philip Motta e Ryan Nunes de Almeida.

Ainda nesta quinta, as autoridades do Rio de Janeiro fizeram um pronunciamento sobre o caso, onde concordam em resolver o crime “o quanto antes”. Os médicos serão enterrados em São Paulo e na Bahia.

Segundo informações da polícia, Motta seria membro do Comando Vermelho (CV) e era conhecido por Lesk. Ele teria migrado para o CV após a invasão da facção na comunidade da Gardênia Azul.

As facções que ele já integrou são conhecidas por cometerem assassinatos no Rio de Janeiro e estão ligadas ao tráfico.

Lesk estava foragido, e teve sua prisão decretada por associar-se ao tráfico há quatro anos. Ele foi responsável por comandar a invasão e tomada de poder por traficantes na comunidade Gardênia Azul, no bairro Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Equipe Sombra

Já Ryan Nunes de Almeida, o segundo identificado, seria membro o grupo liderado por Motta, chamado de “Equipe Sombra”.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) segue a linha de investigação de que o médico Perseu Ribeiro Almeida teria sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do Dalmir Pereira Barbosa, apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.

A viagem de Cappelli para o Rio já estava programada antes das execuções dos três médicos. Ele ia se reunir com integrantes do Ministério Público Federal (MPF) para discutir a atuação da Força Nacional no estado. Depois das mortes no quiosque na Barra da Tijuca, o objetivo da agenda foi ampliado.

Segundo Cappelli, o próprio presidente Lula determinou o apoio da Polícia Federal (PF) na investigação das mortes dos médicos. Um dos mostos era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP).

Os médicos assassinados bebiam cerveja em um quiosque na beira da praia, quando foram surpreendidos por homens armados com fuzis que desembarcaram de um veículo e dispararam mais de 30 vezes.

Morreram os médicos Marcos Corsato, Diego Ralf Bonfim e Perseu Ribeiro Almeida. Daniel Sonnewend Proença ficou gravemente ferido e foi hospitalizado.

*Com Metrópoles 

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