Psicólogos de posto de saúde no Clima Bom sofrem para realizar atendimentos: “Caos”

Foto: Cortesia

Leonardo Ferreira

Caos e precariedade. A equipe de psicólogos do posto de saúde Djalma Loureiro, localizado no bairro do Clima Bom, em Maceió, vem sofrendo com as condições oferecidas para atendimento à população local, o que prejudica o trabalho desenvolvido pela categoria e, logicamente, os pacientes.

A situação se agravou a partir da reforma recém-iniciada na unidade de saúde, que não levou em conta a necessidade de manter adaptada a estrutura do posto de saúde, a fim de dar continuidade aos serviços durante esse período. “Um verdadeiro cenário de caos!”, afirmam os servidores. Com isso, é solicitada a adoção de providências urgentes para solucionar os problemas.

Segundo o psicólogo José Ascânio Correia, que é servidor efetivo e atua há 25 anos no município, a equipe está tendo enorme dificuldade para realizar seus atendimentos individuais por falta de sala, pois, além do posto está passando por uma grande reforma, com a redução de mais de 50% do espaço físico, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) enviou, esta semana, três equipes de saúde da família compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes de saúde.

“Isso vem causando enorme transtorno aos outros profissionais que sequer foram informados sobre essas mudanças e que foram pegos de surpresa. Se, com a reforma, a situação já estava bastante difícil, pois temos trabalhado com barulhos típicos de uma reforma, imagine agora com mais profissionais chegando, somando-se ao enorme fluxo de usuários circulando durante os atendimentos”, conta.

José Ascânio destaca que compreende que há urgência em aumentar a cobertura de acesso aos serviços de saúde da população de Maceió. Contudo, esse processo não pode se dar sem o respeito às condições mínimas de trabalho e sem considerar que a saúde mental da população é indispensável.

“Vale salientar que a situação da saúde mental aqui na nossa região é gravíssima, pois, faço acompanhamento a vários pacientes com risco de suicídio. A nossa demanda aumentou e tem aumentado significativamente, principalmente, após o período pandêmico que passamos”, revela.

O psicólogo cita que os novos profissionais que ingressaram na unidade estão tendo total prioridade para ocupar as salas, deixando os demais profissionais sem locais para realizar os atendimentos pré-agendados com bastante antecedência.

“Lembro o conceito amplo de saúde da OMS [Organização Mundial de Saúde] e da Constituição Federal de 1988, onde a dimensão psicossocial não pode ser desconsiderada nos serviços de saúde, especialmente em um cenário de aumento do adoecimento mental no país, em que 86% da população brasileira sofre algum tipo de transtorno mental”, diz.

“Aproveito também para lembrar que estamos em janeiro, mês da saúde mental, e temos a obrigação ética de alertar situações que coloquem em risco a saúde mental dos funcionários e dos nossos pacientes. Neste sentido, solicitamos providências cabíveis para que esta situação caótica possa ser resolvida para que possamos realizar nosso trabalho com respeito e com dignidade”, finaliza o servidor.

Resposta

A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde, que enviou a seguinte nota oficial:

“A Secretaria de Saúde de Maceió (SMS) esclarece que a Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Djalma Loureiro está passando por uma fase temporária de adaptação, com a incorporação de novas equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF)”.

“Apesar de causar, inicialmente, alguns transtornos à rotina da unidade, a medida integra – assim como a reforma, que objetiva a melhoria de suas instalações para proporcionar mais conforto aos servidores e usuários – as ações planejadas pela Prefeitura de Maceió para, através da SMS, ampliar a cobertura da Estratégia e, consequentemente, a assistência à saúde para as famílias do município”.

Sair da versão mobile