Como funcionam as CPIs e o que esperar da CPMI do INSS

Entenda até onde as CPIs podem ir e o que costumam produzir ao final de seus trabalhos.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil | Arte Congresso em Foco

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS foi instalada no fim de agosto para investigar denúncias de descontos indevidos feitos por associações em aposentadorias e pensões. Mas, além de apurar responsabilidades, a comissão reacende um debate frequente: qual é, de fato, o poder das CPIs e CPMIs? Até onde podem ir? E o que costumam produzir ao final de seus trabalhos?

O que são CPIs e CPMIs

As comissões parlamentares de inquérito têm previsão constitucional e funcionam como instrumentos de fiscalização do Legislativo.

Ambas têm os mesmos poderes de investigação de autoridades judiciais, mas não podem julgar ou punir. Seu papel é levantar provas, ouvir testemunhas e elaborar um relatório final que pode resultar em indiciamentos, propostas legislativas ou recomendações a órgãos de controle.

Como são criadas e conduzidas

Para a criação de uma CPI, é necessário o apoio de um terço dos parlamentares: 171 deputados ou 27 senadores. No caso das CPMIs, a exigência é válida para ambas as Casas.

Após a leitura do requerimento em plenário, os partidos indicam seus representantes de acordo com o tamanho das bancadas. A comissão é composta por 15 deputados e 15 senadores titulares, além de suplentes. Também há rodízio entre alguns membros para garantir equilíbrio.

Na primeira reunião, elegem-se o presidente, o vice e o relator. A presidência organiza os trabalhos; a relatoria define a linha de investigação. Por tradição, a presidência e a relatoria ficam em mãos de partidos diferentes e de Casas distintas, como forma de balanceamento político.

O prazo de funcionamento é de 120 dias, prorrogáveis por mais 60. No fim, o relatório precisa ser votado pelos integrantes. Aprovado, é enviado ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União ou a outros órgãos, que têm obrigação de informar quais providências serão tomadas.

Poderes e limites

As CPIs podem:

Mas não podem:

Ou seja, o poder das CPIs está na capacidade de investigação e pressão política, mas as medidas judiciais mais duras dependem do Judiciário ou do Ministério Público.

A CPMI do INSS e seu plano de trabalho

A comissão que apura irregularidades contra aposentados e pensionistas é presidida pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), tem como vice o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) e relatoria do deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

Gaspar definiu seis eixos para guiar a investigação:

Entre os membros titulares estão nomes como as senadoras Soraya Thronicke (Podemos-MS), Damares Alves (Republicanos-DF) e Eliziane Gama (PSD-MA), além dos deputados Coronel Chrisóstomo (PL-RO), Adriana Ventura (NOVO-SP) e Sidney Leite (PSD-AM). A diversidade partidária da composição antecipa embates e também negociações para o futuro relatório final.

O destino das últimas CPIs

Historicamente, muitas comissões terminam com impacto político e midiático maior do que prático. Há casos em que relatórios foram rejeitados ou engavetados, mas também exemplos de CPIs que geraram consequências jurídicas e legislativas.

O que esperar da CPMI do INSS

O colegiado tem potencial para revelar esquemas de fraude que afetam diretamente milhões de beneficiários da Previdência. Caso consiga consenso, o relatório final poderá indicar responsáveis, propor indiciamentos e recomendar medidas de proteção aos aposentados.

/Congresso em Foco

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