O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta terça-feira (23) a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, falando sobre questões climáticas do Brasil e do mundo. O petista afirmou que “bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática” e defendeu que o combate ao aquecimento global seja colocado no centro da agenda multilateral.
O presidente destacou que 2024 foi o ano mais quente já registrado e que a Conferência do Clima de 2025, a COP30, em Belém (PA), será “a COP da verdade”. Para Lula, o encontro será o momento em que líderes mundiais terão de comprovar “a seriedade de seu compromisso com o planeta”.
Segundo o líder brasileiro, sem clareza sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países, o mundo caminha “de olhos vendados para o abismo”. O Brasil, lembrou, assumiu a meta de reduzir entre 59% e 67% de suas emissões, incluindo todos os gases de efeito estufa e setores da economia.
Justiça climática
Lula criticou, ainda, a desigualdade entre países ricos e em desenvolvimento no enfrentamento da crise ambiental. “As nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios. Enquanto isso, países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões”, disse. Para o presidente, cobrar maior ambição e ampliar o acesso a financiamento e tecnologia “não é questão de caridade, mas de justiça”.
Ele também alertou para os riscos da corrida global por minerais críticos, essenciais para a transição energética. Segundo Lula, não se pode repetir a “lógica predatória que marcou os últimos séculos”.
A COP30 terá a Amazônia como palco. O presidente afirmou que o Brasil já reduziu pela metade o desmatamento nos últimos dois anos, mas destacou que a erradicação da devastação só será possível com melhores condições de vida para os milhões de habitantes da região.
Lula anunciou ainda a intenção de lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, destinado a remunerar países que preservam suas florestas. “Fomentar o desenvolvimento sustentável é o objetivo”, resumiu.
Reformas globais
Além da agenda ambiental, o presidente Lula defendeu uma ampla reforma no sistema internacional. Ele propôs a criação de um Conselho Climático vinculado à Assembleia Geral da ONU, com poder de monitorar compromissos e garantir coerência nas ações.
Ele voltou a defender mudanças no Conselho de Segurança da ONU, incluindo a ampliação do número de membros permanentes e rotativos. Também criticou o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio.
“Poucas áreas retrocederam tanto como o comércio internacional”, afirmou. Para Lula, medidas unilaterais desorganizam cadeias de valor e alimentam uma espiral de preços altos e estagnação. A solução, disse, passa por refundar a Organização Mundial do Comércio “em bases modernas e flexíveis”.