Investigação da PF sobre o Banco Master deve revelar pressão política e fraude bilionária

Foto: Maria Isabel Oliveira/O Globo

Redação

A prisão do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, deve abrir caminho para a exposição de um esquema de influência política e operações financeiras fraudulentas que, segundo investigadores da Polícia Federal, envolve governadores, parlamentares e gestores de fundos de pensão. Vorcaro foi detido na noite desta segunda-feira (17), no aeroporto de Guarulhos quando tentava deixar o país em direção a Malta, na Europa.

A investigação começou após o Banco Central identificar movimentações consideradas fraudulentas e comunicar o caso à Polícia Federal e ao Ministério Público. Entre os indícios estão operações “fantasmas” criadas para mascarar o balanço da instituição e salvar o banco da insolvência.

Segundo investigadores, várias operações com o banco foram fechadas por pressão de autoridades do mundo político, entre elas governadores e parlamentares com influência em instituições financeiras e fundos de pensão.

A avaliação é que a operação de venda anunciada nesta segunda para a Fictor Holding Financeira funcionou como uma espécie de “bomba de fumaça” para disfarçar o avanço das apurações e tentar impedir a exposição do esquema.

A PF apura a venda de títulos de crédito falsos que prometiam lucros muito acima do mercado. O Banco Master emitia CDBs com promessa de rendimento até 40% superior à taxa básica, algo inviável na prática. Segundo a Polícia Federal, essas operações podem ter movimentado cerca de 12 bilhões de reais.

O CDB, ou Certificado de Depósito Bancário, é um investimento em que o cliente empresta dinheiro ao banco em troca de juros, definidos de forma pré-fixada ou atrelados a indicadores como o CDI. No caso do Master, porém, os retornos oferecidos não correspondiam à realidade do mercado.

A prisão de Vorcaro ocorreu poucas horas depois de o consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira anunciar a compra do banco, movimento que já havia sido precedido, no mês anterior, pela rejeição do Banco Central à tentativa de aquisição pelo BRB. Mesmo com o anúncio, a negociação não avançou.

Na manhã desta terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, além da indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores. Com a medida, qualquer tratativa de venda é automaticamente suspensa, encerrando as últimas tentativas de manter a instituição ativa enquanto as investigações evoluem.

 

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