O dia primeiro de Maio, em que se comemora o Dia dos Trabalhadores no Brasil, tem novos atos contra as reformas trabalhista e da previdência. As manifestações dão continuidade à greve geral de 28 de abril, mas em menor escala e com concentração em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A CUT, Central Única dos Trabalhadores, realizou Ato Político de Resistência do 1º de Maio na Avenida Paulista. A Prefeitura de São Paulo tentou proibir as atividades no local, mas depois de entrar com recurso, a CUT conseguiu um acordo em audiência no Tribunal de Justiça de São Paulo. Além de protestos contra as reformas proposta pelo governo de Michel Temer, houve apresentações culturais.
Nesta semana, a Câmara dos Deputados vota a reforma da Previdência e o governo deve conseguir aprovar o projeto na comissão especial nesta semana. Já no Plenário haverá dificuldades, porque os deputados sabem da impopularidade da reforma e temem não serem reeleitos ano que vem. O deputado Pepe Vargas, do PT, diz que o governo ainda não tem os 308 votos necessários para aprovação da medida.
“Na quarta-feira deve ser votado o relatório do deputado Arthur Maia, na Comissão Especial, onde o governo aprovará com maioria simples. Inclusive eles trocaram deputados de partido da base do governo, que queriam votar contrar, por outros parlamentares mais fiéis. Mas no plenário o governo não tem os 308 votos necessários para a aprovação da reforma”, diz.
Surpresas nos aeroportos
Além dessa dificuldade, os deputados também podem se deparar com uma surpresa ainda nos aeroportos. Os sindicatos de aeroportuários, aeronautas e aeroviários discutem a possibilidade de paralisação dos voos que seguem para Brasília nos dias em que os parlamentares devem viajar para a votação das reformas. A ideia é dificultar a vida de deputados e senadores. Mas a estratégia ainda está em discussão e deve ser decidida até terça-feira.
Antes, o Sindicato Nacional dos Aeroviários marcou manifestações na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Além de comemorar o primeiro de maio, houve reuniões para organização de próximos atos, panfletagem contra a reforma da previdência e também discussão de estratégias para pressionar o Senado contra a aprovação da reforma trabalhista.
“Teremos que tirar estratégias de continuidade da luta, de enfrentamento com a polícia mas muito mais ideológica, com o Congresso, convencendo os senadores num primeiro momento a não votar a reforma trabalhista como ela está”, diz a diretora do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino.
O presidente Michel Temer gravou um vídeo que foi divulgado nas redes sociais neste primeiro de maio. Ele defendeu a reforma trabalhista, dizendo que ela vai modernizar a legislação e ajudar na criação de empregos. Já o Ministério Público do Trabalho diz que é um mito que a CLT, a consolidação das leis do trabalho, de 1943 seja antiga, já que dos 510 artigos que compõem a parte de direito individual do trabalho, apenas 75 permanecem com a redação original, ou seja, mais de 85% dos dispositivos foram atualizados.
Fonte: RFI