A jornalista Betania Lima irá lançar o livro “A Quartinha” no próximo dia 23 de agosto, às 18h:30, no restaurante Del Mare, no bairro das Cruz das Almas, em Maceió. A publicação trata-se de um apanhado de contos que retrata a relação de uma vó e sua neta. Os cenários dos diálogos e as histórias são das mais diversas. Confira um bate-papo com autora Betania Lima:
Quando começou o gosto pela literatura?
Betania Lima – Na adolescência já ficava deslumbrada pelo mundo literário. Praticava escrevendo bilhetes e cartas de amor para que as amigas enviassem a seus namorados. Sendo tímida, não me atreveria a escrever para mim, seria muita exposição. Entretanto, sempre achei que escrever livro propriamente dito era inalcançável.
As leituras que sempre lhe influenciaram?
BA – Apesar de meus pais gostarem de ler, não havia orientação para a leitura dos clássicos. Iniciei mesmo nos romances de Barbara Cartland e gibis.
Bem mais tarde, em conversa com o professor Gerson Brito, sobre leitura e escrita, ele indicou a Oficina de Arriete Vilela, e assim veio a descoberta.
Pode parecer clichê, mas os autores que realmente acrescentam e nos fazem refletir, além de nos capacitar para a escrita, são os clássicos. Saramago,
Dostoiévski, Gabriel Garcia Márquez, e meu inseparável Machado foram e estão sendo companheiros nos últimos anos.
Em que momento você decidiu começar a escrever?
BA – Na Oficina de Leitura e Escrita Criativa, Arriete Vilela revela o mundo mágico da leitura e nos incentiva à escrita. A boa leitura foi primordial para que o sonho se tornasse realidade. É interessante como aprendemos por meio dessas leituras, adquirimos vocabulário, observamos a maneira de escrever e até ousamos diferenciar os estilos. Com o incentivo de Arriete Vilela comecei a rabiscar meus primeiros escritos. Ao longo dos últimos dois anos, foi muita escrita, reescrita, leituras, escrita, correção, reescrita. Trabalho árduo. Sem esse incentivo e sem esse processo todo, não teria ousado publicar.
Pelo que sei, nele contém boas histórias. Elas são frutos de inspiração, vivências, relatos… Conta um pouco pra gente.
BA – O livro A Quartinha tomou forma a partir de relatos. Não podemos negar que sempre se imprime uma marca no que se escreve, e não foi diferente. Ele traz à tona uma memória afetiva muito forte de quem relatou. Candinha e sua avó Malvina têm uma ligação excêntrica e que rendeu muita linha para tecer essa produção.
Em que tipo de perfil literário o livro se enquadra? Como você o pode definir?
BA – É um livro de contos. Pequenos contos em que procurei retratar o convívio de conflitos entre uma avó e sua neta.
Betania, como você é jornalista por formação, isso a ajudou a construir as narrativas ou é algo diferente do universo da redação?
BA – Sempre achei que o jornalismo iria abrir as portas e me capacitar para a escrita literária. Apesar da bagagem e experiência adquirida na graduação, não foi esse o fator que contribuiu. A Oficina de Leitura e Escrita Criativa de Arriete Vilela, sim, foi o divisor de águas.
Atualmente, cada vez é mais difícil publicar um livro, principalmente devido a motivos financeiros. Qual foi a maior dificuldade na publicação? Faltam incentivos para autores locais?
BA – Não posso opinar sobre a questão de incentivo. Sei que alguns autores têm conseguido apoio e/ou patrocínio. Acabou de ser criado um portal onde a ênfase são os autores alagoanos, www.quilombada.com.br. Existem órgãos governamentais que promovem concurso para publicação, entre outros. Minha publicação foi feita utilizando recursos próprios.
Betania, algumas curiosidades sobre os bastidores de um escritor que os leitores adorariam saber: quanto tempo demora para escrever um livro?
BA – A escrita não possui um manual de instrução. Cada um tem seu tempo. Muita coisa envolve o processo de criação. Particularmente, levei dois anos para escrever A Quartinha.
Quanto tempo você dedica para a prática da escrita por dia?
BA – É necessário muito empenho para se produzir bons textos. Focar na leitura e na escrita com disciplina é muito importante. Deve-se reservar um tempo diário para essas atividades, mesmo que não se consiga cumpri-las sempre. Como tenho outras tantas atribuições, reservo uma média de 8 horas semanais.
Como surgem as ideias para escrever um livro?
BA – Como bem diz Arriete Vilela, não é a inspiração que surge repentinamente. É necessário disciplina de escrever sempre.
Você trabalha em silêncio absoluto ou prefere ouvir música; tem algum ritual?
BA – Sempre gostei do silencio. Tanto para a leitura, quanto para a escrita. O ritual é mesmo sentar e escrever, escrever, escrever. Depois ler e cortar, cortar, cortar. Alguma coisa há de se salvar.
BA – Quais os próximos projetos?
Continuo sonhando com a escrita. Por isso estou sempre lendo, estudando e escrevendo. Quem sabe consigo algum resultado? Agora o projeto mais importante é a divulgação do livro.