Faz pouco mais de dois meses que Neymar deixou o Barcelona rumo ao Paris Saint-Germain, na transferência mais cara da história do futebol. Mas isso não impediu que o Brasil continuasse sendo bastante relevante no clube catalão. É bem verdade que o volante Paulinho aos poucos está vencendo a desconfiança da torcida e conquistando espaço no time. Porém, é no futsal que nosso país vem ganhando mais destaque.
A equipe de futsal do Barcelona já teve muitos brasileiros em sua história, como Ari, Gabriel, Bateria, entre outros. Hoje são cinco no elenco, que conta no total com 16 jogadores. São eles: o ala Dyego (28 anos), os pivôs Ferrão (26 anos) e Esquerdinha (31 anos), o ala Léo Santana (29 anos) e o fixo João Batista (28 anos).
Dyego e Ferrão são os mais antigos – estão na quinta e na quarta temporadas pelo Barça, respectivamente – e têm muita moral no clube. O time bateu na trave na temporada passada e ficou com o vice-campeonato da Liga Espanhola – perdeu para o rival Inter no quinto e último jogo da final -, mas a dupla de brasileiros foi recompensada individualmente. Ferrão foi o artilheiro e melhor pivô, enquanto Dyego foi eleito o melhor ala e também o melhor jogador do torneio.
– Muito importante, fiquei muito feliz. A temporada passada foi especial, apesar de não termos conseguido o título no final. Espero que nesta temporada a gente possa ganhar o título coletivo – disse Dyego.
Dyego, Ferrão e Paco Sedano, na seleção da última liga espanhola; Dyego também foi o craque e Ferrão, o artilheiro
João Batista, por sua vez, está em sua temporada pelo Barcelona. Esquerdinha – que está se naturalizando russo – e Léo Santana estavam no futsal da Rússia e chegaram na última janela de transferências. O pouco tempo já foi suficiente para aflorar as emoções dos novatos.
– Como jogador profissional, sinto uma coisa surreal. Estreei há uns 10 dias aqui no Palau Blaugrana, com a torcida do Barcelona, escutei o hino do clube… É uma coisa surreal. A cada dia estou aprendendo mais e me sinto mais feliz em defender essas cores – afirmou Léo.
A expectativa para esta nova temporada é muito boa. O Barcelona está entre os favoritos em todos os campeonatos em disputa: Liga Espanhola, Copa do Rei, Copa da Espanha e o mais importante, a Taça da Uefa. E o início é animador: a liga já começou e o time catalão é o líder, com cinco vitórias em cinco jogos. Na competição europeia, estreou nessa quarta-feira com goleada por 7 a 0 sobre o Gyori Eto FC, da Hungria.
A torcida se acostumou a comemorar. Entre 2011 e 2014, o Barça conquistou três vezes o Espanhol e duas vezes a Uefa. Mas desde então o período é de seca. A pressão por títulos é grande.
– Desde o momento em que você chega, já escuta a palavra “títulos”. E não pode ser diferente. É um time que briga por tudo. Só participar dos campeonatos ou chegar às finais não vale – disse Esquerdinha.
– A gente sabe que, estando neste clube, tem sempre que brigar por títulos e conquistar. Quem vem para cá já sabe da responsabilidade que traz essa camisa. Faz uns anos que não conseguimos ganhar, mas estamos sempre brigando, chegando. Tenho certeza de que nesta temporada vamos tirar a má fase e conseguir título para o Barça – acrescentou Ferrão.
Um ponto negativo de viver em Barcelona neste momento é a alta tensão política que tomou conta da Catalunha. A comunidade quer se separar da Espanha e se tornar um país independente. Mas os jogadores garante que o dia a dia não influencia em nada.
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Fica mais a nível político, e as consequências saberemos depois. Mas, durante todo esse processo, diretamente não tem influenciado, não – afirmou Esquerdinha.
Os cinco brasileiros têm mais coisa em comum além do Barcelona. Uns mais, outros menos, mas todos eles deixaram o Brasil e moram no exterior há anos. A Espanha, por sinal, tem a liga nacional mais respeitada do planeta, com uma estrutura digna de muitos elogios.
– É diferente. No Brasil se joga muito mais, tem os estaduais. Aqui desde o começo da temporada você sabe quais dias vai jogar, qual torneio vai disputar, então é muito mais fácil e organizado. Em termos de viagem também. Aqui se pode viajar de trem. O Brasil é muito grande. Para jogar fora, às vezes você pega 10, 12 horas de ônibus. É uma viagem rotineira, vamos dizer assim – argumentou Dyego.
– A Espanha hoje é um modelo de organização, no marketing, nos jogos da televisão… É uma liga na qual todas as outras se espelham – opinou Esquerdinha.
O futsal brasileiro não passa por um bom momento. Em quadra, a seleção amargou sua pior campanha em Mundiais no ano passado, ao ser eliminada pelo Irã nas oitavas de final. Fora dela, sofre as consequências das constantes mudanças da Confederação. Mas, na opinião dos atletas, tem uma coisa que não muda.
– O Brasil tem os melhores jogadores, tenho certeza disso. Agora está passando por muitas mudanças, isso influencia muito dentro da quadra, e é o que está acontecendo. Mas na questão da qualidade dos jogadores brasileiros, isso é indiscutível. O Brasil com certeza tem os melhores jogadores do mundo – concluiu o ala Dyego.