As campanhas na Libertadores – saiu logo na primeira fase – e no Brasileirão – terminou num modesto sexto lugar, o qual lhe garantiu ao menos a participação na fase de grupos da Libertadores 2018 – ficaram longe do esperado. Mas segue o plano da diretoria de o clube “dominar tudo” no futebol brasileiro. Ser o Bayern de Munique do país.
O repórter Rodrigo Capelo, da revista “Época”, publicou em seu blog detalhes do plano, iniciado em 2013, após a vitória nas eleições da gestão comandada pelo atual presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello. O plano compreende os anos de 2013 a 2020. Agora, em 2017, a diretoria fez uma revisão, e o jornalista foi ouvir a Ernst & Young, consultoria que ajudou o clube na elaboração, e com dirigentes do clube, para entender as mudanças. Há ciclos estabelecidos no plano pelos quais o Flamengo passou e ainda passará.
– Em 2013, 2014 e 2015, foi um período de pagar dívida, cortar gastos, colocar a casa em ordem financeiramente. Em 2016 e 2017 já foram anos que ainda tem muita dívida para pagar, mas começaram a fazer muitos investimentos. O plano é que, a partir de 2018, então 2018, 2019 e 2020, seja um círculo virtuoso, que o Flamengo comece a colher os resultados desse empenho financeiro e comece a traduzir isso em títulos – disse Capelo, no “Redação “SporTV” desta quarta.
Segundo o repórter, o Flamengo, nos primeiros anos, aumentou muito rápido a sua receita e deu uma impressão de riqueza. Só que a receita foi sempre sendo gasta com pagamentos de dívidas. Só agora, a partir de 2016 e 2017 e, principalmente, 2018, o dinheiro fica liberado para contratações. Segundo Capelo, o que Pedro Almeida, vice de Planejamento tentou deixar claro é que o valor da folha não deve ser muito alterado. O Flamengo vai continuar gastando o que já gasta com salários de jogadores. O que vai mudar é que o clube vai ter mais dinheiro para contratar.
Capelo mostra que faturamento do Fla já é o 20º do mundo
Ano passado, chegaram como grandes reforços o atacante Guerrero e o meia Diego. Este ano, os meias Conca e Éverton Ribeiro, o goleiro Diego Alves e o zagueiro Rhodolfo. Os resultados não foram os esperados. Capelo, no entanto, explicou que a dificuldade do Flamengo no Brasil se deve a uma concorrência muito maior do que determinados clubes têm em seus países na Europa. E citou um exemplo.
– O que o Flamengo espera com esse plano é ser o Bayern de Munique do Brasil. Um time que ganha absolutamente tudo. O Bayern de Munique é campeão alemão cinco vezes seguidas, não tem para ninguém. Só que tem uma explicação financeira também para isso não ter acontecido ainda. Na Alemanha, por exemplo, o Bayern gasta 260 milhões de euros com remunerações de jogadores. Se a gente considerar que o único time que ameaça essa supremacia do Bayern é o Borussia Dortmund, que gasta a metade disso. Essa diferença de metade não existe no Brasil. O Flamengo tem, sim, um investimento maior do que os adversários, mas não está nem perto de ser o dobro dos seus adversários.
Capelo revelou ainda que, segundo os dirigentes, o clube pretende ser o top 1 das Américas e figurar entre os 20 do mundo. Diante dessa informação, o repórter resolveu, então, pesquisar as receitas de todos os grandes clubes das cinco principais ligas europeias. E percebeu que os rubro-negros já figuram em vigésimo lugar, com R$ 567 milhões (147,6 milhões de euros) – o Palmeiras é o 21º.
Mídia
Fred Luz, diretor-geral do Flamengo
– O Flamengo tem ainda duas etapas nessa fase intermediária antes de ele estar lá nadando de braçada. Eu diria que é o processo da excelência na gestão. A gente aprimorar mais os processos internos, entender melhor a relação de causa e efeito, ter um acompanhamento mais sistemático da meta das pessoas, principalmente do futebol. Entender mais como as coisas funcionam no futebol, para desafiar mais as pessoas que são as especialistas no futebol: treinador, diretor de futebol, pessoal da base, prospecção, achar jogador de qualidade.
Alexandre Rangel, sócio da Ernst & Young
– Cada vez mais o Flamengo vai abrir uma disparidade econômica e financeira que vai permitir a ele, tal qual o Real Madrid, ou o Barcelona, ou um PSG, ou um Manchester City, Manchester United, comparando com seus piers de cada país, uma distância que é, por mais que você tende a operar, investir em base e trabalhar em processo, insuperável do ponto de vista econômico.
Globo Esporte
