O ex-secretário de infraestrutura do governo Téo Vilela e atual presidente do PRTB em Alagoas, Adeílson Bezerra, foi o entrevistado dessa semana no programa ‘Perguntar não ofende’. Conhecido por ser um dos principais articuladores políticos e formadores de chapa, falou sobre vários assuntos que envolvem a política alagoana. Adeílson aposta que o PRTB fará no mínimo seis deputados estaduais e um/dois deputados federais. Bezerra, que também é advogado, falou sobre sua recente absolvição após dez anos da Operação Navalha.
Atuação dos partidos políticos em Alagoas
Hoje está havendo a criminalização da atividade política partidária. Então, quando um partido faz uma aliança com outro, naturalmente ele visa atingir o poder, nele permanecer e fazer valer suas ideias, participar da administração. E isso, hoje, praticamente tá sendo considerado um crime. Tudo hoje na atividade política é um crime. Aí, quando você vê por essa ótica, tudo vira um crime, vira um balcão de negócios. Mas eu não vejo dessa forma. Vejo que têm as composições políticas que são feitas aqui em Alagoas e no resto do Brasil. Eu já fui presidente e fundador do PSL, partido pequeno. Depois fui presidente municipal do PMDB, um partido grande, um partido maior, mesmo assim nunca recebi um real de fundo partidário. A gente faz política com a colaboração dos filiados.
Ingratidão alegada por Cícero Almeida
Acho que foi um momento disperso do deputado Cícero Almeida, porque muito pelo contrário, no ano de 99 eu que fui nos corredores da TV Alagoas buscar o radialista Cícero Almeida pra ser candidato aqui pelo PSL na época, que era uma chapa que eu estava fazendo de vereador, na qual se elegeu ele, Marcos Barbosa, Fátima Santiago, Zé Márcio, Ademir Cabral e Damásio Ferreira. Todos eles foram vereadores naquela legislatura. Depois disso perdi um pouco o contato, mas agora, no ano de 2013, novamente busco Cícero Almeida e mostrei a ele um projeto da gente eleger pelo menos um deputado federal. Foi a primeira vez na história de Alagoas que um partido pequeno elegeu um deputado federal. O projeto era eleger dois deputados, mas infelizmente a votação do Cícero ‘mixou’, pifou a votação, foi muito pouca, mesmo assim ele chegou a ser eleito deputado federal. Fosse à votação individual ele não seria deputado federal. Então, na verdade, o Cícero deve é ser grato.
Operação Navalha
Após a Navalha eu vivi um limbo. Um escanteio político. Eu digo que fui vítima de um ‘Bullying’ político. A Navalha, na verdade, começou com a ‘Operação Octopus’ que era para apurar desvio de condutas e corrupção na própria Polícia Federal. Dessa Octopus pegaram ligação com o então dono da Gautama, Zuleido Veras, mas não tinha nada a ver com construção civil. Era pra cortar na própria carne em setores corruptos da Polícia Federal. Aí depois houve aquela briga de construtoras no país.
Eu reputo à Navalha a briga de OAS, Odebrecht, Camargo Corrêa e Mendes Júnior. A Gautama vinha crescendo muito, ganhando todos os tipos de licitações no país com o menor preço. Então ali houve uma união das outras empresas juntas com setores corruptos da Polícia Federal, do Ministério Público e do
Judiciário, sobretudo, da então ministra do STJ, Eliana Calmon, decretando a prisão de todos aqueles que conviveram ou tinha interação com o Zuleido Veras. Eu, infelizmente (ou felizmente) era secretário de Infraestrutura à época e foi decretada aquela prisão coercitiva minha e de mais 56 pessoas no país, num abuso de autoridade, num abuso de direito. A minha briga ao longo desses dez anos foi provar a minha inocência. Já tinha provado no primeiro grau, quando fui absolvido aqui em Maceió, mas infelizmente setores do Ministério Público Federal, de forma irresponsável, recorreram para o Recife e lá foram também desmoralizados e eu ganhei de 3 a 0. Confio muito na Justiça do nosso país.
Ex-governador Téo Vilela durante a Operação Navalha
Faltou mais clareza, mais firmeza por parte do Téo. A primeira versão do palácio do governo e do Sérgio Moreira, queria colocar a Navalha no meu colo. Eu recém-chegado queriam colocar a Operação Navalha no colo do PMDB, do qual eu era presidente municipal. Queriam dizer que a Navalha era coisa do PMDB, e o Téo Vilela entrou nesse jogo. Eu achei que houve falta de postura do ex-governador Téo Vilela. É a primeira vez que estou falando isso. Perguntado que nota ele atribuiria para Vilela, ele disse que daria nota 5.
Projeção PRTB 2018
Eu monto chapa política desde 1988. Comecei em Palmeira dos Índios com uma ‘chapeta’ lá de vereador. Tinha 21 anos aí me animei, gostei daquele negócio. Em 98 montamos uma chapa que elegemos três deputados estaduais. Eu fui candidato a governador naquele período. De lá pra cá em todas as eleições a gente monta chapa de estadual, de federal e vereador. Para a próxima eleição a proposta original era a gente eleger 4 deputados estaduais. Hoje já está em 6 e vamos chegar a 8 deputados. Nós projetamos eleger 8 deputados estaduais e pelo menos 1 deputado federal. O projeto é audacioso, inclusive, setores da própria Assembleia já trabalham contra esse projeto dizendo que vai implodir, que vamos colocar A e B sem combinar com os demais, etc. Todos que entram no partido a gente faz uma reunião. Reúne e delibera por maioria. Então, todos votam. Não sou eu que coloco alguém aqui com a minha canetada. É através do voto da maioria.
Governo e Senado 2018
O nosso partido não apoia absolutamente ninguém ao governo. Nem Renan Filho, nem Rui Palmeira se for candidato, nem outro nome que venha o substituir caso ele não seja candidato. A minha posição pessoal é votar em Renan Filho, mas o partido, como disse, não tem essa bandeira de votar em um ou outro, todos estão livres.
Para o Senado, existe a possibilidade da gente lançar pelo menos um senador que seria o Ido Rafael, mas ainda não temos certeza. Do ponto de vista do partido todos estão livres. Do ponto de vista do dirigente Adeílson Bezerra, um nome já está certo que é o do senador Renan Calheiros. O segundo está completamente em aberto. Tem o Marx que é muito dinâmico e vem trabalhando demais. Seria um nome a considerar caso o Ido não saia pelo nosso partido.
Redação Folha de Alagoas