A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) apresentou, durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (26), detalhes do trabalho de investigação realizado pela Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), que culminou com a prisão do ex-prefeito de Palestina, José Alcântara Júnior, do vereador Luciano Lucena, e de outras três pessoas, todas suspeitas de sequestrar e matar o caseiro José Arnóbio Gomes Feitosa.
José Arnóbio foi sequestrado dia 27 de maio deste ano na chácara de Júnior Alcântara onde trabalhava como caseiro e foi encontrado morto no dia 28 em Jacaré dos Homens.
O delegado Mário Jorge, coordenador da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), detalhou à imprensa como a Polícia Civil conseguiu chegar aos autores materiais e intelectuais do crime. O caso foi investigado também pelos delegados Guilherme Iusten e Cícero Lima.
As investigações duraram sete meses e apontaram a participação de José Alcântara Júnior, como autor intelectual do crime, e Luciano Lucena de Farias, Daniel da Silva Carvalho, o “Daniel Gordinho”, José Edilson Pinheiro da Silva, conhecido como “Sula”, e Thiago Correia de Brito como autores materiais.
No dia do crime, homens encapuzados chegaram à chácara informando que iriam buscar documentos e acabaram sequestrando Arnóbio. Dias antes, o ex-prefeito fez uma reunião com correligionários onde afirmou que estava de posse de documentos que comprovariam ato de improbidade administrativa contra a atual gestão e que a papelada ficaria guardada em sua chácara.
Porém durante as investigações ficou constatado que o ex-prefeito arquitetou a invasão à sua chácara para supostamente dar a ideia de roubo dos tais documentos.
“Tudo indica que a reunião com os correligionários serviu de álibi para mascarar o sequestro e morte do caseiro”, disse o delegado.
O ponto de partida que ligou os suspeitos de participarem do sequestro com o ex-prefeito foi a identificação do carro utilizado no dia do crime. Ele pertencia a um dos suspeitos e foi utilizado em outros crimes e acabou sendo reconhecido por testemunhas. A partir daí foram realizadas mais investigações com apoio do serviço de Inteligência da Deic, que apontou a ligação de Júnior Alcântara com os demais envolvidos no crime.
“Outros detalhes da investigação revelam que o ex-prefeito utilizou a vítima como laranja comprando até bens em seu nome. Não houve um motivo para o crime, mas todos eles se contradisseram em depoimento e as investigações realizadas ligaram os fatos a eles. Tanto que pedimos as prisões e a robustez das provas foi suficiente para que o Tribunal de Justiça negasse o pedido de Habeas Corpus de Júnior Alcântara”, disse o delegado Mário Jorge.
Também chamou a atenção da polícia a realização de um Boletim de Ocorrência, por Luciano Lucena quase um ano antes do crime com informações semelhantes às acontecidas no dia da morte do caseiro.
O vereador é considerado um homem violento, usa tornozeleira eletrônica e é acusado de dois homicídios, com pena de mais 15 anos.
O delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, frisou que o trabalho da Polícia Civil foi pautado em provas técnicas, que quando juntas surpreenderam até mesmo os investigadores.
“O ex-prefeito estava preocupado em esclarecer o crime tanto que nos procurou, porém há provas irrefutáveis de que ele é o autor intelectual do crime. Esse caso mostra que é necessário calma e tempo para elucidar, mas é necessário parabenizar as equipes pelo brilhante trabalho realizado”, afirmou.
O secretário da Segurança Pública, Lima Júnior, também parabenizou as investigações realizadas e destacou a importância das provas para a conclusão do inquérito policial. “Sempre oriento aqui que façam o trabalho extremamente técnico para que não haja dúvidas ao final das investigações e assim foi feito pela equipe de delegados designada para o caso”, completou.
Redação, com SSP