Bahia Boiadeiro, irmã de Baixinho Boiadeiro, que está foragido suspeito no assassinato do vereador Tony Pretinho, ocorrido no município de Batalha, interior de Alagoas, confronta a investigação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e afirma que Baixinho tem provas de onde estava no dia do crime. Ela reforçou que ele não tinha motivos para cometer o crime. A declaração foi dada em entrevista a um portal de notícias. A reportagem da Folha de Alagoas conseguiu contato com Bahia, no entanto a ligação estava péssima ela informou estar em outro Estado.
De acordo com a SSP, Baixinho Boiadeiro acreditava que Tony Pretinho tinha ligação com a morte de seu pai, o também vereador Neguinho Boiadeiro, que foi executado após deixar a Câmara Municipal de Batalha. Para a morte de Tony Pretinho, Baixinho contou com o apoio de Thiago Mariano Tenório. Os dois estão sendo procurados pela polícia. “É só questão de tempo para eles serem localizados”, assegurou um agente da Segurança Pública.
Segundo a SSP, Tony Pretinho foi morto com cerca de 15 disparos de arma de fogo. As armas utilizadas foram 9mm e uma de calibre 12mm. Nessa semana, a polícia cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, sendo seis deles em fazendas localizadas no município sertanejo.
Além dessa execução, Baixinho Boiadeiro é suspeito de praticar um atentado contra o agropecuarista José Emílio Dantas. Ele supõe que Emílio tem ligação com a morte de seu pai.
A comissão policial formada para investigar o caso disse, em entrevista coletiva à imprensa, que ao tomar conhecimento da morte do pai, Baixinho Boiadeiro teria saído de casa armado no intuito de matar a prefeita do município, Marina Dantas. Ainda segundo os delegados, Baixinho teria desistido da investida criminosa pouco tempo depois, vindo a se encontrar com José Emílio Dantas, contra quem efetuou vários disparos.
VÍDEO
Num vídeo publicado nas redes sociais, dias depois após ter sido expedido seu mandado em razão do atentado contra o agropecuarista, Baixinho Boiadeiro rasgou o verbo e apontou os responsáveis pela morte de seu pai. As imagens foram gravadas num imóvel velho, e segundo ele, distante. A morte de Neguinho foi motivada, segundo ele, devido a provas que o vereador tinha em mãos sobre um suposto esquema que estaria ocorrendo na Assembleia Legislativa do Estado (ALE).
O vídeo gravado por Baixinho ultrapassa os 18 minutos. Ele conta que a morte de seu pai foi encomendada pela prefeita de Batalha, Marina Dantas, Paulo Dantas, Teobaldo e Hermes. A execução teria sido custado R$ 200 mil. “Eles deram de entrada R$ 100 mil, um revólver, uma metralhadora, um fuzil e um Astra”. Em nenhum momento ele mencionou o vereador Tony Pretinho.
Segundo a narrativa feita no vídeo, 17 pessoas estavam recebendo entre R$ 12 mil e R$ 17 mil da Casa de Tavares Bastos sem dar um dia de serviço. Os laranjas não sabiam que tinham seus nomes na lista de pagamento e, quando iam ao banco, pensavam que estavam recebendo um ajuda. O valor girava em torno de R$ 300,00.
Nomes como de Paulo Amorim e Ubirajara Costa Filho figuram a lista do esquema. Cada um recebeu, pelo menos, R$ 189 mil da ALE. “Todos esses documentos que tenho em mãos vou protocolar no Ministério Público Estadual e no Ministério Público Federal. Tudo precisa ser investigado”, garantiu.
Baixinho Boiadeiro contou ainda que os pistoleiros passaram 15 dias vasculhando a vida de seu pai e chegaram a conclusão que ele não era um bandido, como afirmava a família Dantas.
AS MORTES
Neguinho Boiadeiro foi executado a tiros por dois homens armados no momento em que deixava a sede da Câmara Municipal de Batalha, no dia 9 de outubro. O segurança do vereador, Joaquim Pirauá, também foi atingido.
Boiadeiro teve 945 votos, 58 a mais que o segundo mais votado. Quem assumiu a vaga deixada por ele na Câmara de Batalha foi o suplente Érico Rodrigues de Almeida, o Quinca Douca, que teve apenas 237 votos.
Já Tony Carlos Silva de Medeiros, o Tony Pretinho, de 34 anos, foi morto a tiros na porta de casa. Um carro, de modelo e placa não identificados, foi flagrado deixando a área. O crime aconteceu pouco mais de um mês após a morte do vereador Neguinho Boiadeiro.
INIMIGOS HISTÓRICOS
Para entender a rixa entre as famílias Dantas e Boaideiro é preciso voltar há 1999. As primeiras mortes de que se têm notícia foram a do ex-prefeito de Batalha José Miguel
Dantas e a de sua mulher, Matilde. Eles foram assassinados em uma emboscada em março de 1999. José Miguel era irmão do então presidente da Assembleia, Luiz Dantas.
O crime foi imputado a Laelson Rodrigues de Melo, conhecido como “Laércio Boiadeiro”. Ele foi condenado a 35 anos de prisão em júri popular em 2012 pelo duplo homicídio. Laelson é irmão de Neguinho Boiadeiro e nega até hoje ter cometido o crime.
A partir dali, as famílias acirraram uma disputa por poder na cidade, com mais desavenças.
Guilherme Carvalho Filho – Especial para Folha de Alagoas