Essa semana o jornalista Murilo Ramos publicou em sua coluna na revista Época que o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) “comemorou o resultado de uma pesquisa de intenção de votos para presidente da República realizada em Maceió, capital alagoana, entre os dias 23 e 25 de fevereiro. Isso porque ele aparece em segundo lugar com 12,5%. Está atrás somente de Lula: 28,5%”.
Segundo a publicação, Collor é o segundo mais rejeitado. Entre os entrevistados, 8,5% disseram que não votariam nele de jeito nenhum. Assim como o senador, 8,5% dos maceioense também afirmam que não votam no ex-presidente Lula.
Quando o assunto é a disputa entre Lula e Collor nacionalmente a diferença é imensurável. O petista lidera todas as pesquisas de intenções de votos, no último apanhado do Data Folha Lula (PT) apareceu com 37% das intenções de votos; seguindo por Jair Bolsonaro (PSC) com a preferência de 16%; o terceiro colocado é Geraldo Alckmin (PSDB), empatada com Ciro Gomes (PDT), ambos com 7%; a quarta posição é do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa (sem partido) com 5% do eleitorado.
Quem também pontua é Alvaro Dias (Podemos) com 4%, Fernando Collor de Mello (PTC) com 2% e Manuela D´Ávila (PCdoB) com 1%. Outros nomes citados nas pesquisas não chegam a 1% da preferência dos entrevistados.
Mesmo sendo condenado e correndo o risco de ser preso, Lula conta com o clamor popular. “Não vou me matar nem fugir do Brasil. Vou brigar até o fim”, diz Lula. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o ex-presidente disse que está preparado para ser preso, mas acredita que será inocentado.
História: Lula x Collor
Tudo começou com a dúvida, quem irá suceder Sarney? Então teve início a grande corrida, as eleições de 1989 foram disputadas inicialmente por nada menos que vinte e dois candidatos a presidência do Brasil. Logo esse número foi se afunilando e restaram em uma disputa polêmica somente Lula e Collor, no segundo turno. Lula era popular, o famoso barbudo, na época, tinha surgido das greves do ABC, temido por praticamente todo mundo que tinha ligação com o poder – porque, naquela época sim, certamente o Lula ia colocar o socialismo na ordem do dia no governo brasileiro. A campanha do homem era muito marcante, com as chamadas da “Rede Povo” e com o apoio da maioria
da classe artística brasileira. Assim os outros candidatos formaram uma verdadeira corrente-para-frente no sentido de derrubar Lula e colocar um candidato mais “adequado” no Planalto.
Eis que surge no Nordeste: Fernando Collor, o “caçador de marajás”, que vinha encabeçando uma coligação de partidos insignificantes, mas contando com o apoio massivo da grande mídia. Um candidato “bonitão”, carismático, que falava bonito e tal – ou seja, com tudo para concluir o fracasso que acabou sendo. O confronto Collor x Lula, ocorreu com baixarias generalizadas, todo debate foi alterado pela edição da rede globo para prejudicar Lula e a eleição final de Collor, que depois seria escorraçado com o impeachment. O resultado das urnas acabou sendo um choque, uma surpresa, porque na realidade para muita gente, Lula era bem ou mal a personificação de uma grande mudança, uma figura do povo que há muito lutava pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores, alguém que se identificava com a população e que no fim acabou preterido em nome de um político de rosto simpático, palavras bonitas e pouca ética.
As eleições de 1989 ficaram na história, até Silvio Santos se candidatou para tentar entrar na disputa. Felizmente foi uma tentativa sem sucesso. Inclusive outro fato marcante foi o jogo “sujo” de Collor, que mostrou durante o debate uma entrevista com a ex-namorada de Lula, Mirian Cordeiro, acusando o atual presidente de incentivar o aborto de sua filha. Lula permaneceu nessa luta pela presidência em mais duas eleições, até que, em 2002, foi finalmente eleito ao mudar de discurso, de aparência e de aliados, Lula venceu e se reelegeu em 2006. A história volta a se repetir: Lula x Collor em 2018.
Folha de Alagoas